O medo nos paralisa. Mas,
não nos libertamos sozinhos do medo. Unimos com aqueles que possuem ou já
possuíram a mesma insegurança e atacamos a chaga a partir do momento que
compartilhamos experiências, ultrapassamos dúvidas, vencemos as inverdades.
Vários de nós professores
ficaram paralisados com as pressões externas e essas não foram poucas e basta
citar algumas. Uma jornalista que praticamente induz que uma entrevistada
repita seu discurso desqualificando o movimento
grevista; um apresentador e também vereador que chama a paralisação de
“abusiva” quando um professor em início de carreira tem vencimentos de R$
984,15; uma secretaria de educação que alega que a paralisação é injustificável
porque o executivo buscou um acordo e a categoria que não aprovou, mas não
menciona que o projeto teve parecer contrário inclusive da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara).
Embora tenhamos todo esse cenário de
falsas acusações, constrangimento e às vezes até o desconto em folha de
pagamentos, lembremos que o NÃO nós já temos.
Na condição de professores
da rede municipal de Poços de Caldas o NÃO está presente em relação à negativa
do aumento salarial, no não cumprimento do 1/3 fora de sala de aula, na
negligência às alterações do Plano de Carreira, nos 12 anos sob várias gestões
que não forneceram aumento real, fazendo com que nosso salário de magistério
corresponda a 46% do piso nacional.
Nós, professores da rede
estadual convivemos com o NÃO, quando não há o cumprimento de acordo assinado
pelo governador se propondo a nomear os concursados, quando não repassa
progressivamente o valor para que se atinja o piso nacional, ou quando
desconsideram nossas demandas de menos alunos por salas de aulas, as quais
podem beirar 50 estudantes.
O NÃO que temos hoje talvez
vire SIM amanhã.
Contudo, só há a
possibilidade de mudança com movimento e por isso quando dizemos PARALISAÇÃO é
dos estabelecimentos de ensino, não é de pessoas muito menos de mentes.
Paralisar significa parar a
escola e chamar a atenção de todos sobre a situação da educação. Significa ir
além das lamúrias da hora do intervalo e partir para ação. É um dos ritos de
passagem entre ser “tia” e transformar-se em professora. É dar aula de
cidadania nas ruas.
Por isso exige coragem, princípio
de coletividade, espírito de inconformismo, paciência no diálogo com colegas
que são tímidos ou avessos a esta movimentação.
Para sair do NÃO e adquirir
uma proposição no SIM em relação às nossas demandas, lembro do grupo
pernambucano Siba e Fuloresta “Toda vez que eu dou um passo o mundo saí do
lugar”.
Eu também quero que o mundo
saia do lugar. Comecemos pela paralisação do medo e pela movimentação da
esperança!
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