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domingo, 20 de março de 2016

Paralisação e movimentação

O medo nos paralisa. Mas, não nos libertamos sozinhos do medo. Unimos com aqueles que possuem ou já possuíram a mesma insegurança e atacamos a chaga a partir do momento que compartilhamos experiências, ultrapassamos dúvidas, vencemos as inverdades.
Vários de nós professores ficaram paralisados com as pressões externas e essas não foram poucas e basta citar algumas. Uma jornalista que praticamente induz que uma entrevistada repita seu discurso desqualificando o movimento grevista; um apresentador e também vereador que chama a paralisação de “abusiva” quando um professor em início de carreira tem vencimentos de R$ 984,15; uma secretaria de educação que alega que a paralisação é injustificável porque o executivo buscou um acordo e a categoria que não aprovou, mas não menciona que o projeto teve parecer contrário inclusive da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara).
Embora tenhamos todo esse cenário de falsas acusações, constrangimento e às vezes até o desconto em folha de pagamentos, lembremos que o NÃO nós já temos.
Na condição de professores da rede municipal de Poços de Caldas o NÃO está presente em relação à negativa do aumento salarial, no não cumprimento do 1/3 fora de sala de aula, na negligência às alterações do Plano de Carreira, nos 12 anos sob várias gestões que não forneceram aumento real, fazendo com que nosso salário de magistério corresponda a 46% do piso nacional.
Nós, professores da rede estadual convivemos com o NÃO, quando não há o cumprimento de acordo assinado pelo governador se propondo a nomear os concursados, quando não repassa progressivamente o valor para que se atinja o piso nacional, ou quando desconsideram nossas demandas de menos alunos por salas de aulas, as quais podem beirar 50 estudantes.
O NÃO que temos hoje talvez vire SIM amanhã.
Contudo, só há a possibilidade de mudança com movimento e por isso quando dizemos PARALISAÇÃO é dos estabelecimentos de ensino, não é de pessoas muito menos de mentes.
Paralisar significa parar a escola e chamar a atenção de todos sobre a situação da educação. Significa ir além das lamúrias da hora do intervalo e partir para ação. É um dos ritos de passagem entre ser “tia” e transformar-se em professora. É dar aula de cidadania nas ruas.
Por isso exige coragem, princípio de coletividade, espírito de inconformismo, paciência no diálogo com colegas que são tímidos ou avessos a esta movimentação.
Para sair do NÃO e adquirir uma proposição no SIM em relação às nossas demandas, lembro do grupo pernambucano Siba e Fuloresta “Toda vez que eu dou um passo o mundo saí do lugar”.
Eu também quero que o mundo saia do lugar. Comecemos pela paralisação do medo e pela movimentação da esperança!

Professora Ana Paula Ferreira   
17/03/2016
    

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