Páginas

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Ensinar: a sociedade está preparada a fazer?

           

Figura do vídeo "Zumbis ao celular

          Começo esse texto pensando quando tive contato com o livro “Notícias de lugar nenhum”, pois uma das coisas que marca essa obra literária é a compreensão do trabalho.  Ele não seria marcado pela exaustão, exploração ou alienação. O sujeito poderia exercer atividade de pesca durante a manhã, marceneiro a tarde e escrever resenhas de livros ao entardecer. Não haveria a divisão entre o trabalho braçal e o intelectual, pois as pessoas, movidas pelo interesse em aprender, poderiam desenvolver durante a vida vários ofícios e ninguém ganharia lucro pelo trabalho alheio. Essa seria a sociedade ideal.

Na sociedade real, onde estamos com os pés fincados, a situação infelizmente é outra. A divisão do trabalho começa na classe social e quem é filho de trabalhador aprenderá desde cedo alguma ocupação, nem que isso signifique ter menos tempo para o estudo. Ora, as oportunidades para galgar profissões financeiramente mais valorizadas não são promissoras a grande maioria da população, e, portanto, é muito mais comum que a camada popular continue a desempenhar um trabalho de força bruta.

Qual o problema dessa divisão do trabalho? Um deles é que o ser humano não atinge seu potencial enquanto sujeito, e características que nos diferenciam dos outros animais, tal como o ato de criar, de ter uma linguagem, de refletir e até mesmo de ensinar são parcamente desenvolvidas.

Sim. Nós todos temos a capacidade de transmitir algo, seja uma receita culinária, um passo de dança ou qualquer coisa da qual saibamos. Fazemos isso porque somos seres de linguagem e simbólicos, o que torna possível pensarmos num passado, refletirmos em relação a um presente e projetarmos um futuro. Mas, a pergunta é: será que na sociedade em que vivemos todos conseguem ensinar? Se sim, com qual custo?

Antes de responder a primeira pergunta, cabe pensarmos que sociedade é essa. De acordo com o pensador polonês Bauman, estamos inseridos numa sociedade do consumo, no qual as relações humanas se tornam líquidas, diante de um excesso de individualismo que corrompe os laços comunitários. Não apenas produtos são publicizados, como também as próprias pessoas buscam por holofotes. É como se estivéssemos num reality show no qual os aplausos são os likes, as curtidas e os compartilhamentos, pois o nosso vazio se preenche em sermos vistos, e nessa ânsia em pertencer a sociedade do espetáculo, perde-se a noção qual é o limite entre privado e o público, o objeto e a pessoa.

As consequências são trágicas. Cidadão é transformado em consumidor e discursos do tipo “Eu pago seu salário” para funcionários públicos são cada vez mais comuns, enfatizando um tratamento no qual direito social vira produto. Ao invés da conversa, é a filmagem e exposição do outro, hostilizado como inimigo; ao invés de se ouvir o que a pessoa tem a dizer é frase de efeito, rápida e cortante. Não se tem a intenção de perceber o outro: os olhos estão vidrados na tela do celular e tal como Narciso que se afunda na miragem do seu próprio eu, da sua própria verdade, o que o outro tem a falar não importa, o que importa é ridicularização pública, o extermínio simbólico do sujeito.

Portanto, por mais que seres humanos tenham a capacidade de ensinar uns aos outros, nesse modelo social em que vivemos, ao tentarem por via de uma comunicação intimidatória, não exercem a capacidade de ensinar de maneira responsável e respeitosa. Quem se propõe a ensinar, a corrigir, a criticar, deve ter como foco a mudança do que foi percebido como inadequado e, portanto, não se trata da aniquilação do sujeito, mas a mudança do ato em si. Caso contrário, voltaríamos no modelo social dos castigos e as humilhações serem tratados como algo normal.  

Um dos objetivos de se ensinar é para a construção de um processo civilizatório, que se distancie da barbárie. Lamentavelmente a barbárie não é mera ilustração de livros de história dos campos de concentração da II Guerra Mundial ou as celas do DOI-CODI na época da ditadura. A barbárie está em toda ação violenta que objetifica os seres humanos, quando são tratados como coisas que devem ser banidas da terra.

Se a intenção é retirar uma palavra de um muro e a palavra foi retirada, se a explicação foi dada, qual é o objetivo de se expor, xingar, ou tratar com ironia e desprezo? É o discurso de ódio, daqueles que querem existir apenas na destruição do outro. Paulo Freire já dizia que amor é um ato de coragem. Lendo Fromm que fui entender. Amor não é algo gratuito, não é espontâneo. Exige paciência, exercício contínuo para não tomar a via fácil do rancor, do ódio.

Eu quero acreditar que é possível a utopia de uma sociedade que todos tenham vida digna e trabalhem por prazer. Quero acreditar que outra humanidade, mais empática é possível. Quero ter esperanças que as pessoas possam falar o que as incomodam sem ter que destruir o outro. Hoje não está fácil crer nisso. Mas, amanhã é outro dia.

Ana Paula Ferreira

Educadora     

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Triste, louca ou má: o que é ser mulher

           O que é ser mulher? O conceito parece fácil de definir, mas não é. Ao longo dos séculos foi associada a arquétipos de Maria Madalena ou Maria mãe de Jesus, a pecadora ou santa, a bruxa a ser executada em fogueira ou a esposa cativa. Essa polaridade não dá conta das nuances, das mulheres de carne e osso, das singularidades, das lutas e resistências.

Em meados do século XX, a filósofa Simone Beauvoir já descrevia que não se nasce mulher, se torna mulher, mostrando que não é a questão de nosso sexo biológico que nos define, mas todos os aspectos culturais, políticos, econômicos que incidem sobre o corpo feminino, estabelecendo padrões de comportamento, perspectivas, linguagens.

É importante conceituar o que é mulher? Em termos de políticas públicas sim. Afinal, somos a maioria da população brasileira, mas a minoria nos espaços decisórios; somos a imagem do trabalho precarizado nos serviços domésticos e tantos outros, mas a minoria nos cargos de liderança; somos a filha, a mãe, a avó, que cuida da família, quando os homens abandonaram os filhos, ou os próprios pais; e infelizmente fazemos parte das estatísticas que colocam o Brasil na 5ª posição vergonhosa de feminicídio. Embora em países de economia periférica a situação de vulnerabilidade da mulher se torne mais desigual em relação ao homem, a mulher no mundo é figura de segundo plano e por isso compõe as minorias sociais. Não é sem razão que Simone Beauvoir nomeia seu livro “Segundo Sexo” para tratar sobre a situação feminina.

Uma vez uma colega me perguntou se realmente era importante continuar tocando no assunto do feminismo, afinal hoje em dia as mulheres podem votar, dirigir, fazer faculdade e tantas outras conquistas. Contudo, a pergunta é: qual grupo feminino tem essa possibilidade? Temos a liberdade de dirigir, mas em termos concretos da realidade crua, somos as que engrossam as filas nos transportes coletivos; temos o direito previsto em Constituição do voto, mas ainda há milhões que não exercem esse direito de forma plena, guiando a opinião política com base na do pai ou do marido; somos o grupo com mais Ensino Superior que homens, porém, também compomos os números que mais sofrem com as crises econômicas.

Feminismo não perde a atualidade enquanto houver patriarcado e capitalismo. Isso porque o que faz o capitalismo para continuar operando? Divide a sociedade entre ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres e tantas outras divisões para que todos os explorados não se articulem, não se unam para a quebra desse sistema perverso de desigualdades e opressões. Atribui-se privilégios a um determinado grupo e esse se sentirá como um pequeno rei com seus súditos, diminuindo as possibilidades de solidariedade entre os oprimidos sociais.

As estatísticas mostram que isso não é mimimi. Em tempos de pandemia, a mulher foi um dos grupos mais atingidos socialmente, seja pelo número de desemprego, onde a taxa de ocupação em 2019 da mulher era de 46,2% e caiu para 39,7% em 2020 (IPEA, 2021). No campo da saúde, as mulheres são 70% dos cargos, mas ganham menos que os homens (CNN, 2021). No que diz respeito aos estudos, esse também ficou comprometido uma vez que inúmeras mulheres jovens abandonaram a escola para cuidar dos familiares. Qual impacto disso? Quanto mais distante da escolaridade, mais se cria possibilidades para casamentos precoces, gravidez na adolescência e autonomia financeira limitada.  

O abismo de desigualdades em relação a mulher aumenta somado a vários outros fatores que não podem ser desconsiderados. É o que a socióloga Saffioti chama de nó entre classe, etnia e gênero. Sobre esse, não se pode deixar de refletir a exclusão social da mulher trans, aquela que nasce com a genitália masculina, mas se identifica como mulher. Raramente conseguem empregos de cargos com visibilidade social e não é incomum xingamentos, linchamentos, violências, haja vista que o Brasil também lidera o cruel ranking de mortes a esse grupo populacional (CNN, 2021).

Se há violência, o que era de se esperar das políticas públicas é que houvesse leis com propostas de diminuição da violência. Pensando sobre essa realidade, em Minas Gerais o deputado André Quintão (PT) propôs multas a estabelecimentos que se dirigissem com preconceitos em relação a orientação sexual ou identidade de gênero.  Contudo, isso gerou uma aversão de políticos alinhados a alguma ala religiosa e na cidade de Poços de Caldas, isso não foi diferente. Um vereador chegou a se pronunciar dizendo que a questão de gênero era mais perigosa que o nazismo, mostrando o quanto precisamos avançar em conceitos, em discussões sociológicas e históricas profundas para que representantes políticos entendam que seus cargos legislativos ou executivos não são para advogar a favor de suas igrejas, mas sim, como representantes de toda população, inclusive aquela que não querem enxergar, que fazem questão de não ver.

É importante a luta e já dizia a música que “Só mesmo, rejeita, bem conhecida receita, quem não com dores, aceita que tudo deve mudar”. E para isso, que nós mulheres, independente de cis ou trans, negras ou brancas, saibamos que a luta não se faz na divisão, mas na união, pois enquanto houver patriarcado e capitalismo, há muita desigualdade para se quebrar e há muito a que se construir sobre sororidade e justiça social.

 

Ana Paula Ferreira

Militante do Coletivo Feminista

 Mulheres pela Democracia




Imagem: https://www.blogs.unicamp.br/pemcie/2018/03/15/mulher-um-ato-politico/

domingo, 26 de setembro de 2021

Sintomas de saudade

 


“Tem dias que a gente se sente, Como quem partiu ou morreu” já dizia Chico Buarque na música Roda Viva. Há coisas que nos ocorrem que perdemos o chão. Vamos caindo, caindo, caindo, que nem a Alice quando ela entra na árvore e se surpreende com um enorme buraco. Aliás, esse buraco não se faz apenas onde pisamos, mas também numa pontada no peito que parece que estão fazendo uma cirurgia e arrancando algo que estava lá. Entretanto, não arrancam. Abre-se um buraco, e nas suas paredes ficam armazenadas as fotos, filmes, lembranças, e a cada vez que há o interesse em olhar para essas memórias, o buraco se abre para nos mostrar que tudo está ali e minha vó estava ali.

            Minha vó faleceu no dia 03 desse mês. Na hora que eu soube da notícia, busquei um pano para secar as lágrimas e para minha surpresa, estava por cima de todos os outros um pano de prato que ela tinha bordado flores. É como se ela estivesse por ali dizendo, “eu não morri, estou aqui, nesse pano e em tantas outras coisas”.

Eu não pude deixar de lembrar de um texto do Leonardo Boff que li na minha época de aluna de colégio religioso. O texto era sobre um toco de cigarro que virou um sacramento, pois não era apenas um objeto em si, mas uma ponte que levava à figura do pai falecido. E, isso era o pano de prato... deixou de ser coisa, para resgatar a memória de uma velhinha que com seus 82 anos cuidava da casa, do marido, do filho, fazia sabão caseiro e adorava receber a família com alguma quitanda.

Aquele pano simbolizava bem minha vó. Primeiro porque realmente ela ajudava a gente a enxugar as lágrimas, pois em qualquer fase de nossas vidas foi presente. Estava em todo crescimento dos netos, puxando a orelha, dando sermão, preparando almoço dia de domingo. Aniversário nunca esquecia nenhum. Participava das formaturas, foi uma das primeiras pessoas a me visitar quando decidi morar sozinha e assim que minha filha Isabela nasceu lá estava ela. O pano também tem a característica de ser forte e isso ela foi e muito. Trabalhou como empregada doméstica, cuidadora de idosos, vendedora autônoma de semijoias, e mesmo aposentada, nunca parava, e parecia que seu mundo interior se preenchia no movimento. Apesar de forte, não deixou de ser encantadora. Lembro inclusive de passear com minha vó e as pessoas elogiarem seu jeito calmo, educado, manso de se comunicar. Essa forma de dizer com simpatia as palavras era a mesma ternura que fez as flores do meu pano, formando desenhos na união de uma linha com a outra. Contudo, não conseguiu fazer essa junção das pessoas. Cada pequeno grupo a visitava em dias diferentes. Mas, estavam ali porque ela sabia amar de forma incondicional. Não julgava, acolhia. Por outro lado, para essa escolha, aguentava muita coisa quieta, resignada, calada.

A morte nos leva um ente querido e nos deixa um silêncio. Nos desenhos japoneses há muito a presença dessa pausa, que chamam de “Ma”, que é simbolizado por um portal na onde o sol entra. E é bem isso... no luto somos forçados a esse encontro com um vazio e com a luz. É um processo doloroso, mas de grande possibilidade de crescimento, pois à medida que se vive a dor da morte, se pensa sobre a vida e sobre quem ficou; pensa-se no que deve morrer em nós mesmos e o que deve sobreviver; o que precisamos matar no nosso interior e o que é importante cultivar. A morte e vida se entremeiam num tecido único, estão juntas e não tem como uma ficar sem a outra.

Por coincidência eu lia na época “Mulheres que correm com os lobos” e numa parte a autora conta que teve um sonho no qual ficava por cima dos ombros de uma outra mulher. Ao perceber que se tratava de uma senhora, falou que por ter mais força, a senhora que deveria se apoiar em seu ombro. Nisso a senhora, fala que assim é a vida, e por fim é possível ver que a idosa também se sustentava sobre os ombros de um monte de outras mulheres.

Há belezas demais deixadas pelos os que nos precederam, e forma-se uma verdadeira árvore humana na qual fazemos parte. Diante desse olhar sobre o que veio antes de nós, há um movimento de espelho, onde enxergamos certos pontos de aliança entre o que somos e nossos antepassados. Esquecer quem é nossa família, ou homens ou mulheres que nos marcaram é nos abandonarmos num abismo, sem raízes que nos sustentam. É comum ficar sem chão em momentos de tristeza, mas a terra firme aparece quando conhecemos quem somos e diante da vivência do “Ma”, sob panos de prato, a gente cria e recria, numa busca de sentido na continuidade dessa árvore, com base em memórias e símbolos que elaboramos. Por isso, Maria Juvercina Soares: presente!

 

 

Ana Paula Ferreira
Educadora
membro do Coletivo Feminista 
Mulheres Pela Democracia


segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Centenário do nascimento de Paulo Freire

          


             Dia 19 de setembro o grande mestre brasileiro em educação completaria 100 anos. É uma alegria revisitar seus textos, porque dá a impressão que sempre há algo escondidinho entre uma linha e outra e que passa desapercebido numa primeira leitura. Aliás, se há um termo muito usual na obra de Freire é “leitura”, que além de juntar letras e compreender um texto, seria um movimento de ação e reflexão, no qual vão se juntando pistas econômicas, culturais, sociais e políticas, para se ler o mundo, objetivando-se intervenções compromissadas com a mudança para uma sociedade mais justa.

Sociedade justa, de acordo com esse educador, seria quando superássemos as opressões de classe social, de dominação do homem sobre a mulher, do branco sobre o negro e todas as diversas formas que subtraem, que oprimem uns aos outros. A caridade é necessária para suprir a fome, os desassistidos, mas “A grande generosidade está em lutar para que, cada vez mais, estas mãos, sejam de homens ou de povos, se estendam menos, em gestos de súplica (Freire, 1987).

E como fazemos isso? Paulo Freire indica alguns caminhos. Um deles é entender que o ser humano deva ser sujeito e não assujeitado, pois se há uma prescrição do que deva ser feito para apenas o outro cumprir, continua-se a cisão na sociedade tão comum e tão reforçada de que alguns devam pensar e outros apenas obedecer. Justamente por acreditar na capacidade de pensar e agir, em relação pautada na horizontalidade, no respeito ao senso comum como ponto de partida, que Paulo Freire frisava que o ato educativo deva ser em comunhão.

O contrário disso seria uma educação que objetifica o estudante, que reforça a desigualdade, formando subcidadãos apáticos em relação a política; inseguros e acríticos em relação aos patrões; mulheres ou homens cujos corpos e mentes foram docilizados. Nos dicionários que essas pessoas levam consigo, palavras como “liberdade”, “emancipação” e “resistência” estariam apagadas.

A propósito, apagar e escrever são duas faces da mesma moeda. Enquanto a história dos oprimidos é apagada dos livros, monumentos, mídia e da escola, a história dos opressores é contada tão fortemente que repetimos em práticas coloniais sem perceber. Quando não se apaga a história de resistência e de luta de um determinado grupo social, ocorre também de seus feitos serem dissolvidos numa outra narrativa, onde o “quem” e o “como” perdem espaço para que a ideologia de exploração do grupo dominante impere.

Em se tratando da educação não são raros o apagamento, o silenciamento e a opressão quanto mais vulnerável for o grupo atendido. Isso pode ser ilustrado quando se ignora os estudantes que possuem dificuldade de ensino ou no tratamento excludente direcionado a alunos da classe popular. No campo da gestão o discurso do opressor se manifesta quando diretores tendem naturalizar a sobrecarga abusiva de trabalho ou supervisores que vivem estritamente em prol da burocracia de ensino. Inclusive, na própria educação há áreas com mais valorização do que outras, reforçando assimetrias.

A EJA foi e talvez seja ainda a filha bastarda da educação até porque dar visibilidade a ela é evidenciar o lado cruel do ensino regular que transfere alunos de baixo aproveitamento para EJA, um problema estrutural de séculos de uma educação sem substancial investimento e sem condições para lidar com a inclusão de todos. Não é sem razão que há inúmeros escritos de Freire mostrando sua preocupação com a EJA.

Sua pedagogia não é clientelista, não se faz no assistencialismo, nem tampouco abandona o estudante a própria sorte sob o discurso do “sempre evadiram, então sempre será assim”. Compreende que o currículo é vasto e é papel do educador selecionar conteúdos indispensáveis para uma leitura mais atenda da realidade, sob um processo dialógico entre o pensar e o fazer, o micro e o macro, o local e o global, educandos e professores.

100 anos de Paulo Freire nos mostram o quanto ele é atual em época de protofascismo e de ultraconservadorismo religioso que impossibilitam esse diálogo tão valoroso que ele defendia. Enquanto houver desigualdade haverá necessidade de se falar desse educador pernambucano que nos aponta alguns caminhos para uma libertação em comunhão. Por isso, Paulo Freire: presente!

 

Referência:

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 17ª ed., 1987.

 

Ana Paula Ferreira


segunda-feira, 19 de julho de 2021

Austeridade: a quem interessa?

            


            Quando os liberais falam de economia em períodos de crises é muito comum usarem o termo austeridade. E o que de fato ela representa? Ela está vinculada com a ideia de retidão, de prudência, bom senso, disciplina, fazer sacrifícios com vistas a desfrutar disso mais tarde. É o que tentam introjetar nas pessoas desde a mais tenra idade através principalmente da fábula “A formiga e a cigarra”, ilustrando que quanto mais indisciplinados, mais correremos o risco de passarmos pelo frio ou pela fome. Não que não haja certa sabedoria na fábula, mas ela evidencia como se estivéssemos sujeitos apenas a nossas decisões, o que não é verdade.

         Para falarem de austeridade com os adultos a linguagem é outra. Comparam o orçamento doméstico com o orçamento público e dizem que assim como a família não pode gastar mais do que arrecada, o “bom” gestor também não pode ter esse comportamento desviante.

     Entretanto, essa comparação é infundada por três motivos. Primeiro porque o governo tem a capacidade de estabelecer o aumento de seu orçamento e assim, escolher entre tributar os mais ricos ou taxar os mais pobres. Já a maioria das famílias não possuí a liberdade de vender a força de trabalho, mas sim a necessidade e, portanto, dificilmente há negociação do salário, e sim aceitação.

         O segundo motivo é que quando o governo acelera o crescimento econômico com programas sociais ou políticas de incentivo isso retorna na forma de impostos e, portanto, há um aumento de receita. Com as famílias já acontece o contrário. Se gastarem com supermercado ou no pagamento de suas contas, esse valor não lhes voltará.

         E a terceira razão que evidencia o equívoco dessa comparação é porque as famílias quando contraem dívidas junto às financeiras, elas não definem as taxas de juros, e aliás, elas também não emitem moeda, diferente do governo federal que possuí essa flexibilidade.

             Assim sendo, a austeridade não provoca o crescimento de uma nação. Pelo contrário. Se há o corte de gastos públicos, haverá menos retorno e consequentemente menos receita para novos investimentos. Qual é o interesse na sua aprovação se não há benesses para a maioria da população? Trata-se de uma escolha política para coroar os mais ricos, afinal ao gerar o desemprego, haverá menos pressões trabalhistas e consequentemente achatamento salarial seguido de aumento da desigualdade de renda. Além disso, a diminuição de gastos com educação, saúde e várias outras pastas, abre espaço para setores corporativos da sociedade. Deixo como exemplo o faturamento do grupo Unimed que fechou 2020 com o maior lucro desde 1998.

         E no nosso cenário municipal? Como que o governo Sérgio tem conduzido a economia? Tomando como referência uma análise feita pelo professor Tiago Mafra na audiência pública sobre o Plano Plurianual de Poços de Caldas, é possível perceber uma retração dos investimentos em diversas áreas. Na educação o plano prevê a redução de mais de 50% em setores tais como Programa Municipal da Juventude, que atende crianças e adolescentes em período complementar a escola, serviço normalmente utilizado por pais e mães trabalhadores. Na saúde estabelecem um corte de mais de 10  milhões em Programa de Vigilância em Saúde e na pasta de Esporte o corte estimado é de 14 milhões, o que impactará diretamente programas de incentivo à prática desportiva. Investimento em moradia popular praticamente é citado no Plano de forma insignificante, mesmo num momento de crise econômica que inúmeras famílias passam por enormes dificuldades em pagar o aluguel.

        Em linhas gerais é isso que é a austeridade: impacta os mais vulneráveis e os pequenos empresários, afasta o poder público de suas responsabilidades com a maioria dos cidadãos e no final, não gera a receita que é tão divulgada. Aliás, gera sim, mas apenas para uma elite econômica que discursará a plenos pulmões a favor da austeridade do outro.


Ana Paula Ferreira

Entorpecimento

             


Tem um anime belíssimo que se chama “Princesa Mononoke”. O filme começa com um monstro enfurecido que está se corroendo e ao mesmo contamina tudo o que está ao redor. Por onde passa, leva a destruição e antes de ser morto, atinge o braço de um príncipe que saí então em busca da cura.

Todos dias nós também somos contaminados por doses diárias de veneno. Ele está invisível na nossa comida, ou na fumaça dos carros e fábricas e nas queimadas incessantes da Amazônia. É um tipo de tóxico tão corrosivo, que além de destruir florestas, poluir a água e o solo, atinge também nossa saúde física e compromete o nosso raciocínio mental e nosso convívio social.

            É tão poderoso, que se bebe a goeladas e às vezes nem nos damos conta. Torna-se bêbado sob esse entorpecente e a consciência moral é levada a zero. Para defender essa droga os dependentes químicos humilham os mais vulneráveis: desempregados são chamados de vagabundos, mulheres de vadias, negros de preguiçosos, e todos os que não possuem sucesso são tidos como lixo humano.

           Em situações extremas de torpor há a violência, pois começam a enxergar criaturas aterrorizantes quando olham para imigrantes, indígenas, grevistas. Isso porque um dos efeitos colaterais dessa droga é meritocracia e as pessoas são entendidas como valor monetário. Assim sendo, se um imigrante procura emprego, deve ser banido do país, mas se ele é o empregador, deve ser respeitado. O raciocínio do entorpecido não consegue perceber que as pessoas ao nascerem em situações de desigualdade, dificilmente conseguirão uma vida digna se não houver um apoio do Estado de Direito. Acham que depende exclusivamente do indivíduo e culpam o Estado de “não ensinar a pescar”, quando na verdade, a água está poluída, a terra da pesca é propriedade de apenas uma pessoa, e não há nenhuma ferramenta para conseguir o peixe.

            Há os que respiram essa droga, mas tentam fingir que não usam. Daí fazem ações de caridade, doam comida, roupas, dão dízimo para igreja, ou qualquer coisa do tipo. Contudo, quando se questiona os efeitos sociais da droga, como o desemprego, a desigualdade econômica, a necropolítica, e se mostra que é possível regulamentar através de taxação de altas fortunas, reforma agrária ou distribuição de riquezas, essas pessoas caridosas, ficam extremamente agressivas. Concordam com o empresário que ganha bilhões e que remunera salários desprezíveis a seus funcionários e acham um absurdo ele ter que pagar mais impostos, pois para elas, o governo, principalmente de esquerda, que é corrupto e fonte de todos os problemas.

            Aliás, todas pessoas são usuárias dessa droga, umas em maior proporção e outras de forma mais controlada, mas todas são, principalmente quando não possuem consciência de si e de suas ações. Há as que se denominam de esquerda e dizem lutar contra esse veneno. Falam que não vão mais usar, mas na primeira brecha, injetam doses concentradas e ao invés de gastarem energia no combate a essa droga, miram seus ataques a sindicatos, partidos progressistas e movimentos sociais. Agindo assim não percebem que se alinham a um perfil autoritário, afinal tentam controlar a vida do outros, ao ponto de denominarem sob o jugo de seus critérios quem é ou não de esquerda, tirando o crédito de instituições que historicamente lutaram por trabalhadores, pelas minorias sociais.

E os que fabricam a droga ficam felizes de ver isso... riem a gargalhada porque o plano está indo de acordo com os conformes: a descrença do ser humano no ser humano, individualismo, distanciamento social e falta de consciência política, pois só assim haverá permanência, cada vez mais intensa, cada vez mais brutal dessa droga.

           O príncipe do desenho no decorrer da história, compreendeu que não bastava se livrar da mancha que estava na sua pele, pois a contaminação era consequência de uma desordem ambiental, fruto da exploração da natureza de forma desmedida, para trazer a riqueza de alguns e/ou o poder de outros. E só conseguiremos romper com esse envenenamento coletivo num duplo movimento: removendo as manchas que ainda estão em nós e de aproximação com todos aqueles que percebem minimamente os efeitos perversos causados por essa droga. Caso contrário, continuaremos distantes de nós mesmos e do mundo, e a droga mantendo sua contaminação.

Ana Paula Ferreira  

quarta-feira, 10 de março de 2021

O COVID e a educação: problemas velhos com preocupações novas

No início de 2020 fomos surpreendidos pela disseminação do vírus COVID-19 e tendo em vista que o sistema de saúde precisaria de tempo para se estruturar era necessário conter qualquer forma de aglomeração, antes que entrássemos num colapso. Para cumprir o intento do isolamento social escolas foram fechadas. Quando isso aconteceu gerou enormes incertezas, inseguranças, pois não tínhamos respostas nem soluções prontas. Quando voltaríamos presencialmente? De que forma funcionaria o ensino remoto? Como seria computada a carga horária? Como as crianças em fase de alfabetização seriam alfabetizadas em casa sem o apoio mais próximo por parte de um profissional da educação? 

Se por um lado o ensino remoto era questionado em relação a sua eficiência, por outro, era uma forma de não se perder o vínculo com o aluno, de mantê-lo em foco em outras atividades, de se evitar a evasão escolar e também, de prover na medida do possível um conteúdo para que no retorno a defasagem não se tornasse tão abismal.

Não sabíamos como fazer o ensino remoto, mas com toda dificuldade mesmo assim fizemos. Podemos apontar três desafios principais: leis, estrutura e formação. Angústia de não termos orientações mais rápidas e claras por parte dos Conselhos Nacional e Estadual de Educação; contradição do governo propor ensino remoto, mas não equipar todos os alunos de acesso a internet e a dificuldade dos professores não terem muitas vezes uma fluência digital. E assim, vivenciamos o ensino remoto na reinvenção de cada professor, transformando o WhatsApp em ferramenta de trabalho, e nunca falamos tanto quanto em 2020 palavras como Google Meet, Google drive, planilhas, busca ativa, controle de evasão. 

Infelizmente sabíamos que a evasão acabaria acontecendo e, não só ela, mas o baixo aprendizado também. E apesar de um despropósito de burocracias, memorando e leis que eram encaminhadas, de anexos a serem preenchidos, educadores encontraram sentido no trabalho quando os alunos ao término do ano letivo mandavam mensagens do tipo “obrigado por não ter desistido de mim”.

Desistência. Essa palavra é extremamente forte e empregamos nos Conselhos de classe naqueles casos que não conseguimos estabelecer mais nenhuma comunicação com o estudante. Usamos a palavra, apontamos o dedo para o estudante pela condição pontual daquele ano, mas não podemos negar que ao longo de sua história ele, encontrou-se em diversos momentos desassistido pelo Estado. Desprovido de capital econômico, poderia ascender ou ter uma vida mais confortável mediante as possibilidades de ampliação do capital social ou cultural e aí entra o papel da escola como espaço de aproximação da cultura dominante.

Entretanto, se no modelo presencial a escola pública, vítima dos ataques neoliberais à educação, também tem os desafios em ensinar, com o ensino remoto encontraria obstáculos ainda maiores. Casas viraram escolas, material escolar passou a ser o celular e quem acompanhava presencialmente o ensino não era mais o professor e sim um membro da família, que nem sempre tinha preparação para desempenhar tal função. Em se tratando da classe média, ela poderia dispor de tecnologias da informação e da comunicação ou até mesmo pagar aulas particulares, privilégio que não é o mesmo da classe popular. Famílias da classe trabalhadora conviveram com a dificuldade de uma internet limitada e muitas vezes na ausência de tempo para o acompanhamento do estudante. Ou seja, é inegável que houve um aumento do abismo entre classes sociais, cada qual se situando num lugar muito distante uma da outra.

Aliás, ao falar de lugar lembrei-me do fantástico filme “O poço” em que os prisioneiros ficam num poço com centenas de andares e que todo dia desce uma mesa extremamente farta, mas a depender do seu andar, você não come. Essa metáfora pode ser facilmente transposta para os nossos dias. A depender do lugar da família ela não come. A depender do andar em que ela está no “poço” social ela não terá internet e sua forma de comunicação ficará limitada. A depender de seu lugar, está tão longe de interação e seu capital social tão restrito que nem fica sabendo sobre formas de sair do poço. Diante desses “a depender”, incontáveis pessoas estão dependentes de outras estruturas para conseguirem impulsos para suas autonomias, pois não há liberdade quando se tem fome, não há liberdade quando não se tem acesso a informação, não há liberdade se você se sente sozinho.

Diante de todos esses impactos do COVID na educação, lembro da frase de Darcy Ribeiro quando nos diz que a crise na educação não é uma crise, é um projeto. Não há dúvidas que a falta de investimentos é proposital, que o descaso não é ocasional, mas ao sentirmos toda essa exaustão trabalhista do período remoto, toda essa angústia de se perceber as lacunas de aprendizado e as consequentes dificuldades de nossos alunos em saírem do poço, que recordemos a importância de aumentar o eco de vozes na defesa de uma escola pública, laica, gratuita e de qualidade. 

 

                                                                                     Ana Paula Ferreira



    

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Intoxicação

Deitei. Na TV passava os quase 230 mil mortos no Brasil vítimas do Covid-19. Fiquei a pensar que muitos poderiam estar vivos se estivessem seguido as orientações dos cientistas e não da pessoa que atualmente ocupa o cargo de presidente.

Desliguei o aparelho. Estava cansada. Aliás estou cansada desde segunda e hoje é quinta. Uma vontade de ficar deitada de sumir por entre os lençóis. Tosse seca, cansaço sem fim, dor nas costas, desconforto em respirar...

Achei que estava com Corona vírus. Quis fazer o teste pra me tranquilizar com ideia de não ter passado pra ninguém, meu grupo pequeno familiar. Deu negativo. Pensei que ficaria bem, mas não estou, pois fiquei no vazio e é ruim essa situação de não ter paradeiros.

Se não é o Covid, o que é? Ansiedade?

Engraçado porque antes de eu ir a farmácia duas amigas estimáveis tentaram me convencer da importância de eu tomar um ansiolítico. Lembrei que as vezes ao retirar algum defeito de nós mesmos poderíamos desabar o prédio inteiro. Daí vieram os vários argumentos favoráveis a droga que não cabe eu citar.

No mesmo instante passou pela cabeça o cenário de Admirável Mundo Novo e o soma... soma... presente em nosso meio em diversas embalagens e formas pra que o ser humano dê conta de tudo e sempre feliz.

Sim... Acho que estou com essa sensação de que por mais que tente fazer as coisas bem, me escapa pela garganta o grito que ficou entalado e reprimido. Depois de anos de educação cristã segue o sentimento de culpa. Não estou confortável a ficar entre as pessoas... fico com receio de ainda ter algo que possa ser transmitido. Será medo de transmitir meu mau humor? Talvez seja, afinal, queremos que as pessoas acreditem nas imagens que montamos.

Por falar em imagem, estou vendo uma imagem bizarra nesse momento. A camiseta pendurada na maçaneta vertical do guarda roupa parece uma gárgula olhando pra mim. Nariz arrebitado, olhos profundos, uma capa sobre a face sugerindo um inquisidor que espera a vítima pacientemente por qualquer mínimo vacilo. Suas garras estão prontas pra voar e pegar o malfeitor, tais quais os ataques cibernéticos daqueles que pedem volta às aulas presenciais em plena pandemia tratando educador como vilão.

Minha cachorrinha chora do lado de fora... Ela só se comporta assim quando há fogos de artifício. Nessa noite não tem. Bem ao fundo tem o barulho da patrulha do bairro daqueles que pagam pra sentir que estão mais seguros. Eu, enquanto cidadã, também pago pela segurança... pela segurança pública. Porém, no dia da carreata #ForaBolsonaro com mais de 150 veículos, não tivemos o policiamento apesar da solicitação via ofício. No decorrer do trajeto vi vários guardas de trânsito parados nas esquinas e estiquei meu corpo pela janela do passageiro para pedir que ajudassem na organização. Final da história: a contribuição deles foi uma multa que chegou hoje de que eu estava sem cinto de segurança.

Cidadãos que pagam na tributação indireta proporcionalmente menos do que eu, mas que ocupam cargos de médicos, pais de alunos de escolas particulares, também fizeram carreata “volta às aulas” nessa semana. E tiveram policiamento. Não escuto vozes pedindo a resolução de problemas que a escola pública já tinha antes da pandemia: salas superlotadas, torneiras quebradas, ausência de insumos, poucos funcionários. Mas há frases de que o professor é preguiçoso, quando na verdade não parou de trabalhar.

Se a noite está tranquila por que a Laika pede atenção? Em que medida um cão não fareja a morte? Será que não sente de certa maneira os órgãos de seus donos apodrecerem? Ou está sentindo alguma coisa no mundo a morrer a cada minuto?

Devaneios. Ilusões. Pensamentos aleatórios de quem não está sob efeito de droga, mas está intoxicada com essa sociedade.

Ana Paula Ferreira


                                                        O Grito - Edvard Munch 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Letramentos, Pedagogias e (Re) Significações

 Trabalho apresentado no "Congresso Pedagogia Histórico-Crítica: educação e desenvolvimento humano" em 2016. 

O objetivo desse estudo é utilizar o gênero contos de fadas em sala de aula com uma abordagem da Pedagogia Tradicional, outra da Escolanovista e outra da Pedagogia Histórico- Crítica e analisar os desdobramentos. Objetiva-se também relacionar os dois tipos principais de letramento (autônomo e ideológico) com suas aproximações conceituais com as três escolas pedagógicas mencionadas, buscando através de uma pesquisa de campo, na cidade de Poços de Caldas, com alunos de uma escola pública de 3o ano do Ensino Fundamental, perceber as significações e ressignificações criadas pelos estudantes diante de diferentes contextos de aula.


Link do trabalho: https://drive.google.com/file/d/0B9ZkHiVGZaS2U2RNc25PSFB0M1E/view 

Páginas 505- 514






terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Bruxa ou Aia: os caminhos desenhados pelo capitalismo para a mulher

 Trabalho realizado por Ana Paula Ferreira, Maria Cláudia da Costa Franco Silva D’Arcádia de Andrades e Édna Leite Ramos.

Artigo apresentado em 2020 no III Seminário Estado, Trabalho, Educação e Desenvolvimento: Para onde vai a educação – Crise do capital, conservadorismo e desafios à democracia na América Latina.

Link do trabalho: https://www.even3.com.br/anais/seminariogpeted2020/252958-bruxa-ou-aia--os-caminhos-desenhados-pelo-capitalismo-para-a-mulher/ 





Educação inclusiva no Ensino Médio

 Relato de experiência sobre educação inclusiva no Ensino Médio em período de pandemia elaborado pelas professoras Ana Paula Ferreira, Christiane Ferreira Joaquim Pereira, Giovana Carine Leite, Thais Ronsini de Carvalho

Trabalho apresentado na 12ª Jornada Científica do Instituto Federal em 2020. 

Link: https://www.youtube.com/watch?v=CGfrnWtsjwg&feature=youtu.be&ab_channel=AnaFerreira7