A paralisação de três dias
em Poços de Caldas teve ranços e avanços, mas foi um momento histórico.
Faz oito anos que sou
funcionária pública municipal e nunca havia presenciado isso. Não digo apenas
pelo número de escolas fechadas, nem pela quantidade de dias em ação, mas o
reflexo de uma ação conjunta repercutindo em mais de 700 pessoas nas ruas em pleno
horário de aula diante da união entre trabalhadores do Estado, trabalhadores do
municípioe alunos.
O bem simbólico é imenso... inúmeros
professores tiveram pela primeira vez a experiência reivindicatória e se
superaram na iniciativa propositiva: foram para ruas, panfletaram, fizeram
varal de cartazes com as reivindicações, conversaram em várias unidades com
muitos servidores, enfrentaram opiniões contrárias, inseguranças e aversões. Se
o corriqueiro no intervalo de aula eram conversas sobre culinária, filhos ou
programa de TV, de repente o recreio se transformou em momento de politização
sobre direitos trabalhistas, lei do Piso Nacional e FUNDEB; se o convencional é
trabalhar numa sala de aula, nesses dias a sala de aula foram a rua, o
auditório da URCA, as visitas em creches e escolas.
O bem material é o
compromisso do prefeito em fazer um Plano de Recomposição Salarial e retomar a
negociação do projeto de cumprimento de 1/3, com uma comissão composta por 20
representantes eleitos pela categoria.
Não é a mesma comissão
formada para o estudo da Lei 26. Tem prazo de ação e de materialização e é
composta por aqueles que os professores indicaram sob o critério básico de que
o integrante estivesse participado dos 3 dias de paralisação. Na próxima terça-feira
haverá uma reunião de modo a se organizar um calendário para cumprimento da
recomposição salarial.
É bom frisar que
enfrentaremos o discurso corriqueiro de que não há dinheiro, que é preciso
cumprir a lei de responsabilidade fiscal e tantas outras justificativas que
estamos acostumados a ouvir. Mas, o mais importante é mantermos a categoria
unida porque é com essa união e organização que conseguimos a abertura de uma
negociação.
Professor, a aula deve
continuar para além da grade curricular! Sindicalistas e dirigentes sindicais,
a ação de vocês é na formação política do funcionalismo e isso significa
visitas constante às unidades e cursos sobre os direitos e politização do
trabalhador buscando integração da classe trabalhadora, no qual o senso de
coletividade deve imperar a questão individualista! Estudantes, continuem a
levantar suas demandas e a compor forças para um outro modelo de sociedade!
Diretores e coordenadores, sensibilizem com a causa, pois a causa é de todos!
O saldo foi positivo!
Mostramos que Poços de Caldas tem paralisação sim e que ao criarmos esse
histórico a tendência são conquistas cada vez maiores.
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