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domingo, 20 de março de 2016

Avaliação geral da paralisação

A paralisação de três dias em Poços de Caldas teve ranços e avanços, mas foi um momento histórico.
Faz oito anos que sou funcionária pública municipal e nunca havia presenciado isso. Não digo apenas pelo número de escolas fechadas, nem pela quantidade de dias em ação, mas o reflexo de uma ação conjunta repercutindo em mais de 700 pessoas nas ruas em pleno horário de aula diante da união entre trabalhadores do Estado, trabalhadores do municípioe alunos.
O bem simbólico é imenso... inúmeros professores tiveram pela primeira vez a experiência reivindicatória e se superaram na iniciativa propositiva: foram para ruas, panfletaram, fizeram varal de cartazes com as reivindicações, conversaram em várias unidades com muitos servidores, enfrentaram opiniões contrárias, inseguranças e aversões. Se o corriqueiro no intervalo de aula eram conversas sobre culinária, filhos ou programa de TV, de repente o recreio se transformou em momento de politização sobre direitos trabalhistas, lei do Piso Nacional e FUNDEB; se o convencional é trabalhar numa sala de aula, nesses dias a sala de aula foram a rua, o auditório da URCA, as visitas em creches e escolas.
O bem material é o compromisso do prefeito em fazer um Plano de Recomposição Salarial e retomar a negociação do projeto de cumprimento de 1/3, com uma comissão composta por 20 representantes eleitos pela categoria.
Não é a mesma comissão formada para o estudo da Lei 26. Tem prazo de ação e de materialização e é composta por aqueles que os professores indicaram sob o critério básico de que o integrante estivesse participado dos 3 dias de paralisação. Na próxima terça-feira haverá uma reunião de modo a se organizar um calendário para cumprimento da recomposição salarial.
É bom frisar que enfrentaremos o discurso corriqueiro de que não há dinheiro, que é preciso cumprir a lei de responsabilidade fiscal e tantas outras justificativas que estamos acostumados a ouvir. Mas, o mais importante é mantermos a categoria unida porque é com essa união e organização que conseguimos a abertura de uma negociação.
Professor, a aula deve continuar para além da grade curricular! Sindicalistas e dirigentes sindicais, a ação de vocês é na formação política do funcionalismo e isso significa visitas constante às unidades e cursos sobre os direitos e politização do trabalhador buscando integração da classe trabalhadora, no qual o senso de coletividade deve imperar a questão individualista! Estudantes, continuem a levantar suas demandas e a compor forças para um outro modelo de sociedade! Diretores e coordenadores, sensibilizem com a causa, pois a causa é de todos!
O saldo foi positivo! Mostramos que Poços de Caldas tem paralisação sim e que ao criarmos esse histórico a tendência são conquistas cada vez maiores.

Professora Ana Paula Ferreira
mar/2016

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