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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

HISTÓRIA DA ESCOLA E SUA INTERDEPENDÊNCIA COM A HISTÓRIA DO BAIRRO

O artigo em anexo foi elaborado em companhia da professora e amiga Ana Chaves e publicado na revista Criar Educação.
Aborda a questão da interdependência entre os espaços, enfatizando as mudanças no bairro Conjunto Habitacional (Poços de Caldas) e alguns impactos na estrutura e organização da Escola Estadual Professor José Castro de Araújo.
Esse trabalho contribui para a memória e história local, como para repensarmos o espaço escolar.
Clique AQUI para ver o artigo.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Sororidade – instrumento contra violência de gênero

A cada 4 minutos, uma mulher dá entrada no SUS vítima de violência. Foi também em menos de 5 minutos que na cidade de Três Corações (MG) o comerciante Luiz Felipe Neder Silva agrediu Edvânia Rezende. O que é mais ironicamente trágico é que essa mulher é uma segurança que foi brutalmente espancada ao tentar proteger a esposa de Luiz Felipe, a delegada Ana Paula Gontijo.
Isso é um exemplo cruel do ocorre no Brasil, pois mostra que não é a posição social, profissão ou grau de escolaridade que trará proteção contra a violência. As ocupações das mulheres citadas acima (segurança e delegada) sugerem que estão mais resguardadas pelo poder que o cargo oferece, mas não foi isso que ocorreu porque infelizmente a violência contra a mulher é extremamente alta, mas nem sempre tratada com a atenção que merece, haja vista, por exemplo, o corte de verba em diversos programas voltados às mulheres pelo presidente Michel Temer.
A proposta de orçamento para 2017 do governo federal apresenta uma redução de 74% no orçamento que diz respeito ao “Atendimento às Mulheres em Situação de Violência”. Se as cenas da cidade de Três Corações mostram a vulnerabilidade da mulher, tal barbaridade orçamentária mostra que o número de mulheres sem assistência do Estado tende a aumentar.
Sabe-se que a violência contra mulher e especificamente a violência doméstica alcança recordes absurdos por conta de uma mentalidade machista, patriarcal e de subjugação do gênero feminino. Mas, além dessas questões socioculturais há uma sociedade que ignora o fato e um Estado que assim também procede quando não acolhe as vítimas, que muitas vezes não possuem autonomia financeira para o sustento dos filhos.
O vídeo divulgado na mídia da agressão à segurança é um exemplo incomum do tema tendo em vista que o silêncio se torna mais vigilante. Cotidianamente os vizinhos emudecem com receio de serem invasivos, os familiares mais próximos preferem acreditar que só foi uma briga e que tudo estará bem. O ritmo de violência aumenta pela negligência da sociedade. Culpam a mulher de não denunciar, mas cada qual também se acovarda perante a situação.
Por mais que machistas não deixarão de sê-lo ao assistir a esta cena transmitida em vídeo por outro lado há terreno fértil para se germinar a semente da sororidade, tendo em vista que sensibilizou inúmeras pessoas que se encolerizaram com a situação.
Edvânia remou contra a maré quando teve coragem em tempos de acovardamento, mostrou empatia em tempos de individualismo. É necessário mais Edvânias no mundo para um enfrentamento contra o feminicídio. Necessita de Edvânias, de políticas públicas protetivas e de um debate constante sobre o assunto.
Infelizmente há ainda a mulher escravizada em um relacionamento doentio, em sua ideologia de que deve obediência cega ao cônjuge ou está econômica e afetivamente subordinada ao companheiro. Essas algemas socioculturais são demasiadamente fortes para serem quebradas apenas por uma pessoa. Exige sororidade e tomada de atitude de modo que o soluço do oprimido se transforme em voz que não será mais abafada.
 Ana Paula Ferreira 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

AS REGIÕES BRASILEIRAS E O NOSSO PATRIMÔNIO: EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Trabalhar patrimônio é partir do local e avançar para o global.

É necessário que o estudante valorize o espaço onde vive e se compreenda como agente de mudança e daí ser importante o constante repensar sobre a relação patrimônio/ memória/ poder e nas práticas pedagógicas para que esse espaço se torne objeto de visibilidade e de cuidado.

Deixo AQUI um artigo publicado na revista Criar Educação onde relato uma experiência com o patrimônio público do bairro e sua relação com o patrimônio brasileiro.

Conjunto Habitacional Pedro Afonso Junqueira - Poços de Caldas

Quer conhecer a história do Conjunto Habitacional de Poços de Caldas?

Essa apresentação foi elaborada para que os alunos da Escola José Castro de Araújo pudessem compreender o espaço em que se situam, valorizando o movimento de gerações anteriores em lutar por melhorias no bairro conforme pode ser apreciado pelas fotos e notícias de época.

Porém, compartilho  AQUI de modo que essa valorização se estenda a todos!

AS CONFIGURAÇÕES DE SENTIDO EM TEXTOS FICCIONAIS

Qual a relação entre o ensino e produção de sentidos? 

Qual a relação entre linguagem e ensino?

Clique aqui 


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Há sentido na escola?

Sentido é a essência atribuída por um sujeito numa atividade, trabalho, relação, enfim... em algo que esteja sendo realizado com desprendimento de energia. Se não há sentido, ocorre a alienação, pois retira do ser humano algo que lhe é próprio que é sua condição de ir além do palpável para alcançar as vias do projeto, do que está no horizonte.
O horizonte é do sujeito, mas pode ser criado e compartilhado por outros. Exemplo disso é quando se lança um desafio e os estudantes na ânsia de acharem as respostas se mobilizam quebrando a cabeça. Inicialmente não tinham o problema (dado concreto) nem a vontade de solucioná-lo (sentido), mas foram impulsionados a saírem da inércia para um movimento intelectual.
Lembrando que o horizonte é do sujeito, os problemas só se tornarão um objeto de estudo se fizerem sentido para este. Trinta alunos, trinta sentidos? Não se trata de fórmula matemática, até porque cada pessoa tem inúmeros sentidos na vida e, alguns desses incontáveis se misturam com tantos outros de outras pessoas e achar o denominador comum não é tão complicado. 

Isso aconteceu em casa. Minha filha de 5 anos aprendeu a ler, mas é interessante perceber que não lê seus próprios livros. Acha cansativo ficar decodificando um texto que já sabe a história. Então pega o livro e narra cada parte dele com seu vocabulário, suas impressões, sua autoria. Criou sentido na narração, mas não na leitura. Por outro lado, numa brincadeira com ela e minha sobrinha, eu espalhei dicas de caça ao tesouro pela casa e para encontrá-lo precisavam ler as recomendações. Eu achei algo em que duas crianças se sentiam tocadas a ler e elas em contrapartida divertiram-se lendo, porque ler foi desafiador e a leitura ganhou sentido.
Quando o sentido não é criado, ocorre em sala de aula um ato rotineiro que é a relação de troca atividade/ nota. Assim, a criança assimila aprendizagem como ato servil onde seria emancipatório, preparando-se futuramente para ser um funcionário que obedece, mas não questiona, e trabalha não por se sentir existencialmente realizado, mas pela troca trabalho/ salário. Sob esse modelo a escola ensina a alienação e ainda costura uma mentalidade individualista e pragmática afinal o que importa não é o fruto do meu trabalho e suas funções sociais, mas sim minha remuneração ou minha nota.
Se quisermos uma educação existencial ela deve ser construída com base no sentido, pois sentido é vida, é pulsação e cor, fora isso se cria uma educação que sequestra o indivíduo da sua própria criação e alimenta um sistema socioeconômico que reduz o sujeito a insignificante capital humano.
Ana Paula Ferreira

sábado, 5 de novembro de 2016

Textos e interpretação: comunicação, saúde e atividades econômicas


Leia o texto abaixo e responda:

        Quanto mais tempo a criança fica em frente a televisão pior é para elas. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que as crianças que assistem muito televisão tem notas mais baixas porque a concentração diminui, não conseguem manter o foco em uma atividade, são impulsivas e podem desenvolver diabete e obesidade. Outra coisa que a pesquisa apontou é que filmes violentos deixam as crianças mais agressivas e que meninas que passam horas na frente da TV tendem a ter uma puberdade precoce.

1) Dicionário:
Diabete:_______________________________________________________________
Obesidade:____________________________________________________________
Puberdade:____________________________________________________________
Precoce:_______________________________________________________________

2) Sobre qual meio de comunicação o texto está falando?____________________________

3) O que a pesquisa mostrou?___________________________________________________
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4) Por que os filmes violentos NÃO são adequados para crianças? 
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5) Poços de Caldas é uma cidade que recebe dinheiro de impostos da indústria, do comércio e do turismo. Ligue cada setor ao exemplo de atividades.

         Indústria                                                    Hotéis, Walter World

         Comércio                                                   Casas Bahia, shopping
                  
         Turismo                                                    Alcoa, Danone, Phelps

Veja o gráfico abaixo e responda:



6) Qual é o meio de comunicação mais usado pelas famílias dos alunos?_______________


7) Qual o menos usado?_______________________________________________________

OBS. O mais interessante é fazer o gráfico com base no que os alunos da própria sala evidenciam de suas casas. É uma forma de diagnóstico da turma em relação aos meios de comunicação e ao mesmo tempo uma construção coletiva de um texto que os estudantes precisam dominar. O professor pode listar diversos meios de comunicação e pedir que os estudantes levantem a mão uma única vez para o meio de comunicação mais utilizado em casa. Com base na coleta é possível construir esse tipo de texto e articular Matemática e Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Poços de Caldas: um pouco da história dos meios de transporte e interpretação

HISTÓRIA DOS MEIOS DE TRANSPORTE EM POÇOS DE CALDAS

         Na nossa cidade existiram alguns meios de transporte que hoje não existem mais. Cada um teve sua importância de acordo com a época.
·        Carros de boi – iniciaram o progresso da povoação transportando produtos locais e trazendo de outras cidades, as utilidades necessárias à vida diária do povoado.
·        Banguês – viaturas cobertas, suspensas por grossos varais, onde eram atrelados cavalos ou bestas, um na frente e outro atrás e serviam para o máximo dois usuários.
·        Troles – carruagens rústicas descobertas, mais estreitas na frente e alargando para trás, dava assento para quatro passageiros, além do cocheiro, havendo ainda lugar para bagagem.
·        Trem – através da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro fundada em 1872. Trazia turistas principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro, mas com o aparecimento das rodovias, diminui-se o transporte de passageiros pela ferrovia.
·        Bonde de burros – começou a trafegar em Poços de Caldas em 1892, cujo trajeto passava pela Estação Mogiana, Rua Junqueira, Marquês de Paraná (Assis Figueiredo), Rua da Vala (Avenida Francisco Salles) e Praça Senador Godoy (atual Pedro Sanches). Como era muito lento, perdeu a finalidade e em 1899 seus trilhos foram retirados.
·        Tilburis – viaturas ligeiras, puxadas por cavalos e com a boleia alta para o cocheiro. Eram cobertos por ampla capota e alguns possuíam cortina para proteger os fregueses das chuvas inesperadas.
·        Aranhas – meio de transporte arredondadas na parte de trás, onde ficava a portinhola de acesso.

Resumo do livro “Memórias históricas de Poços de Caldas”, Nilza Megale

1)     Ligue:

         Carros de boi                                   Trazia turistas

         Bonde                                              Passava por algumas ruas da cidade

         Carros de boi                                   Trazia produtos de outras cidades.

2) Por que o bonde de burros deixou de existir em Poços de Caldas?
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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Problemas envolvendo conhecimento geométrico, capacidade e medida




Estudante:____________________________________________________  Data:_____________            Ano: 3º____ 

1)    Samara observou que todas as janelas de uma sala eram retangulares e contou os lados de todas as 6 janelas. Que número ela encontrou?
Conta
Resposta:

(  A   ) Encontrou 36 lados.
(  B   ) Encontrou 25 lados.
(  C   ) Encontrou 24 lados.
(  D   ) Encontrou 6 lados.
2)    Letícia tem um jogo com 9  pentágonos. Ela resolveu contar quantos vértices tinha no total de todas as figuras. Que número ela encontrou?
Conta
Resposta:

(  A   ) Encontrou 90 vértices.
(  B   ) Encontrou 40 vértices.
(  C   ) Encontrou 45 vértices.
(  D   ) Encontrou 5 vértices.


3)    Evandro precisa dividir 2 litros de refrigerante em copos de 500 ml. Quantos copos ele conseguirá encher?
Conta
Resposta:

( A ) 3 copos.
( B ) 4 copos.
( C ) 2 copos.
( D ) 5 copos.

4)    Wallison mede 1, 37 metros. Lembrando que 1 metro é igual a 100 centímetros, quantos centímetros Wallison mede?
Conta
Resposta:

( A ) Ele mede 1.370 centímetros.
( B ) Ele mede 1.300 centímetros.
( C ) Ele mede 1.037 centímetros.
( D ) Ele mede 137 centímetros.

5)    Danilo tinha 4 litros de suco. Tomou 1 litro e meio. Quantos litros sobraram?

Conta
Resposta:


( A ) Sobraram 2 litros e meio.
( B  ) Sobrou meio litro.
( C  ) Sobraram 3 litros.
( D ) Sobraram 1 litro e meio.

Reflexões sobre filhos de políticas públicas

Hoje a mãe de Isabela ficou encantada em ver que a filha de apenas 5 anos, estava preferindo ficar em casa escutando a leitura do livro “Frankenstein”, adaptação de Laura Bacellar, do que ir passear na casa da prima, amiga inseparável de bagunças.
Isso é reflexo de uma criança que desde bebê ouviu estórias... Contos de fadas, fábulas, histórias em quadrinhos e hoje escuta a leitura de obras de mais de cem páginas na qual a mãe lhe conta um ou dois capítulos por dia.
Se a Isabela gosta de livros é também por conta de professoras que todos os dias lhe contam belíssimas histórias e que ela reconta com grande encantamento. Se as professoras contam é porque há livros na creche e esses livros fazem parte de um Programa de livro na escola.
Tem também participação nesse processo as caixas de livros de leitura que foram encaminhadas a todas as escolas de 1° ao 3° ano porque sendo a mãe de Isabela professora, trazia os livros para casa para lê-los para a filha e assim saber o que esperar do livro ao abordá-lo em sala de aula.
Indiretamente, o gosto pela leitura é decorrente ainda das políticas de formação de professores, como por exemplo, o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa, na qual pela primeira vez na história da educação do Brasil professores foram remunerados para estudarem e onde a pedra de toque foi tornar a leitura como algo rotineiro e prazeroso na sala de aula.
É reflexo de um investimento maciço em educação ao ponto de se ampliar o número de universidades federais e de pós-graduações possibilitando que a mãe de Isabela faça mestrado e busque trazer para a vida o que aprende na academia.
É consequência de investimentos em Educação nos últimos anos que possibilitaram construções de novas creches, demarcação de um piso salarial para professores (embora não cumprido em Poços de Caldas) e coisas que foram conquistadas, mas que ainda a Isabela não vivenciou como o Instituto Federal, PROUNI, Ciência sem Fronteiras.
E é isso que deixa a mãe de Isabela com um misto de alegria e de tristeza. Alegra-se em ver a filha se deleitando com a leitura, capital cultural que será sua herança. Por outro lado sofre em saber que várias conquistas no campo da Educação a Isabela e sua geração muito provavelmente não tomarão parte.
Se hoje a Educação mesmo com todos investimentos nos últimos anos ainda não é a dos nossos sonhos, tampouco será com a votação da PEC 241 que prevê um congelamento de gastos nessa área por 20 anos. Não conseguimos ensino integral para todas as nossas crianças, nem acabar com o analfabetismo funcional. Não conseguimos incluir de forma digna os que possuem necessidades especiais nem ofertar um ensino que alie disciplinas obrigatórias e as optativas como dança, música ou teatro. Enquanto nação, não conseguimos uma série de coisas, mas sem dúvida estávamos avançando com políticas públicas atinentes com as minorias sócio-culturais ao se possibilitar que o negro e a classe trabalhadora ocupassem espaços que eram privilégio da burguesia.
Saqueiam os investimentos progressivos, amanhã vendem a Petrobrás e junto com ela vão-se embora os 10% do pré-sal para Educação, e daqui alguns anos viveremos um desmonte da educação pública. Hoje é um dos dias em que nos roubam os sonhos de uma educação de qualidade que possibilitaria que os filhos do trabalhador tivessem as mesmas oportunidades que os filhos do patrão.

Fico apenas com a alegria de lembrar a vivacidade da Isabela em aprender... Agarro-me a isso para me sustentar...

Texto também publicado no Jornal da Cidade de 14/10/2016

Somos professores...

Ser é bem diferente de estar... Estar é uma condição passageira, transitória, sem ligação profunda com o passado, nem planos para o futuro. Ser é existencial, pois parte do que já somos e nos ressignifica. Não é uma peça de roupa que trocamos, mas a nossa vida que é significativamente alterada ao longo de um percurso.
Por isso, não estamos professores. Somos professores!
Somos professores não porque nascemos com sacerdócio ou dom! Preparamo-nos de forma sistemática nos cursos de graduação e essa formação merece respeito. Porém, ao entendermos que é uma profissão que não lida apenas com a aquisição do saber, mas, sobretudo com a construção do ser humano, ser professor é algo que mexe com quem bebe desta água. Abala-nos porque precisamos estar o tempo todo lidando com nossas questões éticas, estéticas, culturais e sociais para oferecermos o de melhor para a formação do outro, formAÇÃO que em seu processo impacta sobre quem somos e para que ensinamos.
Não é por sermos professores que deixaremos de tomar cerveja nos fins de semana, nadar de biquíni ou de usar maquiagem. A mudança não é virar a Professora Helena do Carrossel, mas é bem mais profunda, pois remete a pensarmos na importância de nossa prática ver junto de nosso discurso.
Ao ser professor em escala menor ou maior buscamos uma educação que altere o mundo e diante disso precisamos travar lutas contra os nossos dragões internos. Dragão do medo da rejeição de uma aula que foi cuidadosamente planejada; em lidar com a raiva diante dos desrespeitos; em sentir a alegria das conquistas de nossos alunos. Quantos sentimentos envolvidos! E por isso somos... porque erramos, acertamos, respiramos e transpiramos a educação!
Ser professor não é tarefa fácil, principalmente no cenário político atual em que se sacrifica a educação sob o lema vil de fortalecer a economia, como se essa se sustentasse sem aquela. É uma profissão difícil frente à negligência social que abandona a educação primária e as relega para a escola. Mas, diante de todas as dificuldades, seguimos sendo professores, nos reconstruindo e lembrando que essa data serve para reforçarmos a nossa importância na reconfiguração de outra sociedade, a começar pela valorização da educação pública de qualidade e dos profissionais que nela trabalham.

Ana Paula Ferreira


domingo, 30 de outubro de 2016

História de Poços de Caldas: aula em slides

Quer aproveitar o aniversário da cidade para enfocar alguns dados sobre a cidade de Poços de Caldas?
Ou ainda destacar certos pontos depois de ter trabalhado o conteúdo no decorrer do ano?
Deixo aqui os slides que eu apresentava nas aulas de História com o Ensino Fundamental I.

Clique AQUI, acesse e depois comente!


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Coletivo Educação

Era uma vez um menino...

Era uma vez um menino...
Que nasceu do afeto de várias mães e muitos pais.
Mãe mais disciplinadora e mãe mais liberal,
pai mais sistemático e pai mais radical.
E por nascer assim convivendo com a contradição
Aprendeu a se aborrecer com o trivial
A amar o diálogo responsável
A questionar as intolerâncias

No início o menino andava meio perdido
Pois era tanto plano
Tanta ideia louca de seus pais
Que ele não sabia para onde correr
Queria as lutas sindicais
E o trabalho educativo humanizado
Queria donos do poder pressionados
E a defesa por uma educação pública
Laica, partidária dos oprimidos

Mas mesmo não sabendo para onde correr
O menino pulava, corria, agachava e caía
Se levantava depois de descontos em folha de pagamento
Se abastecia de seus sonhos de menino
Sonhos de uma sociedade
em que a lei do compromisso social
Fosse maior do que a égide do capital
Onde a rotina fosse preenchida com a esperança
E esperança não se furtasse de uma prática organizada.

Eita contradição apetitosa para o menino!
Saboreava a disciplina do estudo
E o calor da não hierarquia
Alimentava-se da teoria
Mas não fugia da rua
E na rua seguia com o sindicato
Para ecoar gritos de valorização profissional
Ia em reunião docente
Para mostrar o projeto doente
Da Escola sem Partido
Revia plano municipal de Educação
E propunha carta a candidatos a eleição.

O menino continua menino
Sonhador como uma criança
E travesso em querer abraçar o mundo.
Seus pais mostram que é possível
Se o menino se juntar com vários braços
Pois no abraço em comunhão
Pode-se fazer um grande cinturão
E contornar as linhas imaginárias
Que cortam o mundo.


Esse menino que tem por nome Coletivo
E sobrenome Educação
Pode ser abraçado por você, por você e por todos nós
Para compor uma sinfonia de um outro mundo.
Quem quiser é só entrar em contato.

Ana Paula Ferreira


Breve biografia


O Coletivo é formado por servidores públicos, educadores sociais e professores em todos os níveis de ensino e se apoia na formação docente e na militância por uma educação pública de qualidade. Reúne-se quinzenalmente no espaço colaborativo do Coletivo Corrente Cultural, o Lab3, e discute metodologias, analisa a conjuntura atual, planeja participações na sociedade, articula-se com outros setores. Dentre suas ações que merecem destaque cita-se a organização da palestra do professor Carlos Rodrigues Brandão, oferecida gratuitamente no espaço da Urca para mais de 400 pessoas, debate nas escolas sobre o perverso projeto de lei “Escola sem Partido”, a palestra “Política para não ser idiota” e participação em diversas frentes para a valorização do trabalhador da educação. Conta ainda com alguns de seus integrantes como membros do conselho de acompanhamento do FUNDEB. 


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Proalfa e sugestões para melhorar o desempenho da escola nos descritores

As avaliações externas não devem ser tratadas como mera burocracia, mas como mecanismo de se pensar onde a escola avança e onde apresenta lacunas no desenvolvimento dos estudantes.

Os slides abaixo mostram a partir da nota de determinada escola pelos resultados do Proalfa algumas estratégias de intervenção em cada descritor, detalhando principalmente aqueles que vão além da alfabetização e aquisição do código escrito.

É interessante analisar os modelos de cobrança das provas para saber como é exigido determinado conteúdo, mas friso que são atividades que devem ser adaptadas e repensadas de acordo com cada realidade, intercalando as exigências das Secretarias de Educação e fomentando um processo de humanização.

Vejam os slides aqui


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Quem luta educa

Qual é o compromisso que temos com a educação pública? Ser competente e dominar os conteúdos, incluir alunos com dificuldades, agir de forma ética quebrando preconceitos e intolerâncias, avaliar pelo que o estudante apresenta e não mediante comparações, ofertar um ensino com diversidade de metodologias, agregar o conhecimento alheio, aproxima-se da comunidade, incentivar o questionamento e a autonomia. São vários os compromissos que assumimos quando nos propomos educadores e por isso que exercer a autoridade de ensinar é um desgaste psicossocial. Não somos professores apenas das 13 horas às 17h20min e as exigências da profissão faz com que o trabalhador da educação se repense na fulcral pergunta “Que tipo de referência estou sendo?”
Por mais que a sociedade tenha mudado e a figura quase sagrada do professor não exista mais, ainda percebe-se o peso de seu discurso, a intervenção de sua postura, a força de sua palavra. Nas palavras não estão somente informações que explicita ou implicitamente, revelam nossa visão de mundo, de ser humano, de sociedade e que interferem na educação dos estudantes e das famílias.
Quando há uma chamada nacional para paralisação dos trabalhadores de modo que reajam na defesa de seus direitos e busquem avançar em tantos mais e, os professores agem como se nada ocorresse, que mensagem está fornecendo a seus alunos?
Podemos enumerar diversas concepções de mundo presentes nessa negligência, como por exemplo, que o conteúdo é distante da vida, que não há esperanças em lutar, que exercer o direito a cidadania participativa é somente discurso em aula de História, que se calar e resignar é o melhor remédio.
Sabemos que entre os nossos colegas de trabalho muitos remarão contra as ações sindicais dizendo que não os representam. Porém é importante pensarmos que mudamos qualquer sistema (político, educacional, sindical, etc.) de dentro da estrutura, questionando propondo alterações. Portanto, não será em intervalos na sala de professores com queixas que alteraremos o órgão que nos representa.
Por vezes também serão lançadas dúvidas sobre o trabalho dos que aderem à paralisação sob a justificativa de prejudicarem os estudantes. Quem geralmente paralisa não está se furtando do trabalho, mas pelo contrário, tendo dois trabalhos. Primeiro porque participará de passeatas e de encontros para se informar a respeito das propostas do patronato. Depois porque obrigatoriamente deverá repor aquele dia.
É mito dizer que paralisação ou greve prejudica os estudantes. O que prejudica são medidas governamentais pouco interessadas no trabalho da educação, são rasteiras políticas que enfraquecem a educação pública de qualidade.
Se acreditamos na autonomia do estudante também devemos exercer a nossa fugindo de justificativas “Se todo mundo parar eu paro”. Se compreendemos que a aula não é somente dentro das salas, podemos avançar para as ruas de modo que os conteúdos se transformem em hino de força e de união.
Quem luta educa, pois deixa o testemunho de seu compromisso com uma educação que transcenda a sala e a escola em busca de uma qualidade no atendimento a contar com a própria valorização do professor.
Avancemos na luta!
Ana Paula Ferreira

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Folclore regional: fortalecer nossas raízes


Folclore é Saci, Iara, Boi Bumbá, Boto Cor-de-rosa, Negrinho do Pastoreio. É crendice, provérbio, prato típico, ditado popular, trava-língua, chás, benzeduras. É cultura de um povo, é sabor, cheiro, som, história, tradição. Frente a uma indústria cultural que apaga as memórias, aprecia o que há de mais imediato e massifica, folclore é resistência de grupos que buscam preservar sua cultura, nos dizeres de Brandão (1982, p.41) “A cultura do folclore não é apenas ‘culturalmente’ ativa. Ela é também politicamente ativa. É um codificador de identidade, de reprodução dos símbolos que consagram um modo de vida da classe.”
Para preservarmos é necessário conhecer, sair do senso comum de folclore associado tão somente ao Saci-Pererê e nos deslocarmos para a posição de curiosos vendo em cada manifestação folclórica um gesto de rebeldia tal qual uma planta que nasce no asfalto. O folclore traz a marca do povo e por isso tem os caracteres culturais do africano, do português e do indígena formando o que conhecemos através da transmissão oral, na imitação direta daquilo que caiu em domínio público e que alia a tradição e certa dinâmica.
O que é tradição na nossa região? Quais são as memórias locais? Quais lendas regionais que conhecemos? Um povo que não mergulha na sua cultura é um povo com mais condições de ser controlado e manipulado por outras culturas, de sofrer aculturação, de depreciar o modo de falar e agir de sua gente. Não quero dizer com isso que devemos nos isolar em nossos próprios saberes, mas que é necessário ter um conhecimento sólido de nossas raízes para que não fiquem expostas e vulneráveis às primeiras chuvas ou tormentas de uma cultura que homogeneíza.
Para fortalecermos nossas crianças com lendas que passeiam pela cultura de nossa cidade há vários capítulos do livro “Memórias Históricas de Poços de Caldas” de Nilza Megale que merecem ser lidos e apreciados primeiramente por nós professores. As crianças ficam encantadas com lendas tais quais da menina Cipriana, os fantasmas do cafezal e a lenda do Corumbá. Outra sugestão é entrevistar os mais velhos sobre os chás que costumavam fazer diante de alguma dor ou enfermidade, pesquisar ditados populares usados na família e seus significados, enfim, partir do local e estender para um universo cultural cada vez mais amplo, de troca, de fortalecimento do existencial, instigando a valorização e o pertencimento sem perder de vista a abertura para o desconhecido.

Ana Paula Ferreira

Referência:
BRANDÃO, C. R. O que é Folclore. São Paulo: Brasiliense, 1982. 
Texto publicado no Jornal da Cidade, 09/09/2016