Hoje a mãe de Isabela
ficou encantada em ver que a filha de apenas 5 anos, estava preferindo ficar em
casa escutando a leitura do livro “Frankenstein”, adaptação de Laura Bacellar,
do que ir passear na casa da prima, amiga inseparável de bagunças.
Isso é reflexo de uma
criança que desde bebê ouviu estórias... Contos de fadas, fábulas, histórias em
quadrinhos e hoje escuta a leitura de obras de mais de cem páginas na qual a
mãe lhe conta um ou dois capítulos por dia.
Se a Isabela gosta de
livros é também por conta de professoras que todos os dias lhe contam belíssimas
histórias e que ela reconta com grande encantamento. Se as professoras contam é
porque há livros na creche e esses livros fazem parte de um Programa de livro
na escola.
Tem também participação
nesse processo as caixas de livros de leitura que foram encaminhadas a todas as
escolas de 1° ao 3° ano porque sendo a mãe de Isabela professora, trazia os
livros para casa para lê-los para a filha e assim saber o que esperar do livro
ao abordá-lo em sala de aula.
Indiretamente, o gosto
pela leitura é decorrente ainda das políticas de formação de professores, como
por exemplo, o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa, na qual pela
primeira vez na história da educação do Brasil professores foram remunerados
para estudarem e onde a pedra de toque foi tornar a leitura como algo rotineiro
e prazeroso na sala de aula.
É reflexo de um
investimento maciço em educação ao ponto de se ampliar o número de universidades
federais e de pós-graduações possibilitando que a mãe de Isabela faça mestrado
e busque trazer para a vida o que aprende na academia.
É consequência de
investimentos em Educação nos últimos anos que possibilitaram construções de
novas creches, demarcação de um piso salarial para professores (embora não
cumprido em Poços de Caldas) e coisas que foram conquistadas, mas que ainda a
Isabela não vivenciou como o Instituto Federal, PROUNI, Ciência sem Fronteiras.
E é isso que deixa a
mãe de Isabela com um misto de alegria e de tristeza. Alegra-se em ver a filha
se deleitando com a leitura, capital cultural que será sua herança. Por outro
lado sofre em saber que várias conquistas no campo da Educação a Isabela e sua
geração muito provavelmente não tomarão parte.
Se hoje a Educação
mesmo com todos investimentos nos últimos anos ainda não é a dos nossos sonhos,
tampouco será com a votação da PEC 241 que prevê um congelamento de gastos
nessa área por 20 anos. Não conseguimos ensino integral para todas as nossas
crianças, nem acabar com o analfabetismo funcional. Não conseguimos incluir de
forma digna os que possuem necessidades especiais nem ofertar um ensino que
alie disciplinas obrigatórias e as optativas como dança, música ou teatro.
Enquanto nação, não conseguimos uma série de coisas, mas sem dúvida estávamos avançando
com políticas públicas atinentes com as minorias sócio-culturais ao se possibilitar
que o negro e a classe trabalhadora ocupassem espaços que eram privilégio da
burguesia.
Saqueiam os
investimentos progressivos, amanhã vendem a Petrobrás e junto com ela vão-se
embora os 10% do pré-sal para Educação, e daqui alguns anos viveremos um
desmonte da educação pública. Hoje é um dos dias em que nos roubam os sonhos de
uma educação de qualidade que possibilitaria que os filhos do trabalhador
tivessem as mesmas oportunidades que os filhos do patrão.
Fico apenas com a
alegria de lembrar a vivacidade da Isabela em aprender... Agarro-me a isso para
me sustentar...
Texto também publicado no Jornal da Cidade de 14/10/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário