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terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Capital cultural e formação docente

 Imagem retirada no site https://www.youtube.com/watch?v=a3eO6-D4nHo 

                 Bourdieu, um importante sociólogo francês, realizou um estudo complexo em relação aos mecanismos pelos quais uma classe social se coloca com mais prestígio, poder e dominação em relação a outra. Pensando no trabalho docente da Educação Básica, vou ater em apenas três conceitos: capital econômico, social e cultural.

A desigualdade ocorre via capital econômico, que podemos resumir não apenas na relação monetária, quantidade de dinheiro, mas de investimentos, propriedades, recursos pelos quais o indivíduo consegue gerar e acumular mais riquezas. A desigualdade também se estabelece no acúmulo de capital social, que em linhas bem gerais, seriam os benefícios simbólicos de pertencimento a um grupo, que permite que os membros acessem ao que é produzido nessa coletividade e se fortaleçam em comunhão seja para maiores inserções sociais ou valorizações salariais. E, por fim, e não menos importante, há o capital cultural, que ocorre por todos valores, perspectivas, linguagem, conhecimento, titulações que o sujeito se apropriará ao longo da vida e que servirão como elementos de distinção.

 Nós professores não temos o potencial de acumular capital econômico, não somos donos das escolas privadas, nem de rede hoteleira, nem de fábricas, muito menos de bancos. Talvez de uma forma mais genérica possuamos um carro para nos transportar para as diversas escolas e uma casa. Aliás, em tempos de defesa do homeschooling, da perseguição ao que é lecionado, valorização do saber da internet sobrepondo o saber escolar ou a busca em destruir a força dos sindicatos questiono se nosso capital social diminuiu.

E nosso capital cultural? Afinal, temos a titulação de ser professor. Muitos já concluíram pós-graduações, participaram em seminários, congressos, cursos virtuais e presenciais de educação. Nesse sentido, os professores detêm um capital cultural que Bourdieu nomeia como institucionalizado, pois ele se manifesta pela via da diplomação. Porém há duas outras formas pelas quais o capital cultural ocorre que é o incorporado, a cultura que recebemos desde nossa infância, e o objetivado que pode ser adquirido pela aquisição material (compra de uma pintura por exemplo) ou de maneira simbólica na relação entre sujeito e objeto do conhecimento.

Não é difícil perceber que para uma vasta experimentação cultural, a fim de alargar o repertório do saber, duas coisas são extremamente importantes: tempo e dinheiro. É certo que há bibliotecas públicas, exposições gratuitas de arte ou museus com entrada de livre acesso. Porém, também é fato que a vivência cultural exige dinheiro, seja viagens em cidades históricas ou visita a exposições que estão distantes da vida no interior.

O problema é que à medida que o salário é praticamente um valor para a sobrevivência, os educadores se dobram em acúmulo de aulas para conseguir ter uma vida com um pouco mais de conforto e a consequência é menos tempo para o momento do ócio, que segundo o sociólogo italiano Domenico de Masi, é uma parte fundamental para o desenvolvimento da própria criatividade. Atrelado a isso, numa sociedade do consumo, a indústria cultural se aproveita desse curto espaço de lazer para trazer enlatados de informação que nos transformam em meros espectadores, com baixa potencialidade de reflexão, e cair nessa armadilha não é difícil, pois basta usar o controle da televisão.  

Através do ócio podemos nos humanizar, nos sensibilizar com coisas que passariam desapercebidas, porque fugimos do automatismo para cultuar um pensamento livre, fortuito, que se entrega a si, ao outro, ao cultivo às diferentes produções artísticas, à possibilidade de vivência em comunidade e sem perceber tecemos uma colcha com vários retalhos simbólicos, revisando inclusive em nossos preconceitos, que na nossa visão míope do dia a dia, não conseguiríamos dar conta.

Isso aconteceu comigo recentemente. Estive pela primeira vez no Rio de Janeiro cheia de medos, reflexo de anos de uma cultura midiática que coloca esse espaço na ótica da violência, da bala perdida, do tráfico. Não quero também reforçar que “o Rio de Janeiro continua lindo”. É evidente que há graves problemas. Mas ir até lá, me mostrou gente organizada que luta para que a história das minorias sociais não seja apagada; de profissionais da saúde que dedicaram uma vida a favor da humanização no atendimento aos pacientes diagnosticados como loucos; de pessoas comuns, de todos os fenótipos e idades que deixaram a felicidade tomar conta do seu gingado sob os batuques da bateria de escolas de samba.

Nesse sentido, é um grande engano quando tratamos a formação docente apenas no seu caráter burocrático, curricular ou didático. Ensinar não é explicar o que está no livro. É além disso. Envolve um trabalho de “gastronomia”, entre o que o professor sabe sobre o “prato”, o que o aluno conhece e os “ingredientes” que possuem à disposição. Quanto menos ingredientes simbólicos, menos possibilidades de inovação metodológica, de criação ou menores as chances de aguçar a vontade do estudante na experimentação do menu escolar.

 Por isso, se o “prato principal” da formação docente exige tempo e dinheiro, que o cumprimento da regulamentação do piso seja urgente. Enquanto tivermos governadores que recorrem ao Tribunal de Justiça pedindo inconstitucionalidade da lei ou prefeitos que dizem que “lei não discute, lei se cumpre”, mas estão longe de tornar promessa em ação, assistiremos o desalento do trabalho docente e do futuro de gerações que passam pelas escolas.

Triste quando lembramos a frase do educador Darcy Ribeiro quando diz que “a crise da educação não é uma crise, é um projeto”. Porque daí reforça-se a perspectiva que não pagar o piso, previsto em lei nacional é contribuir novamente para que os diversos tipos de capital continuem concentrados apenas para um pequeno grupo dominante. 

 

Ana Paula Ferreira

Mestre em Educação e supervisora escolar


Texto também publicado no Jornal da Cidade do dia 31/01/2022  e no Jornal Poços Já 
https://www.pocosja.com.br/2023/01/31/artigo-capital-cultural-e-formacao-docente/ 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Yanomamis: entre a escuridão do hoje e o horizonte do amanhã

 


As fotos de desnutrição dos yanomamis chocaram o mundo e é fato que esse genocídio sombrio não se iniciou agora. Povos indígenas foram exterminados desde a chegada dos europeus, que trouxeram gripe, sarampo, tuberculose, sífilis, pólvora, ou nas palavras de Neruda “a espada, a cruz e a fome”.

Aimorés, Goitacazes, Carijós, Cariris, Guaranis, Tamoios e tantos outros povos foram caracterizados como selvagens. A perversidade da nomenclatura agia como lâmina: ao serem selvagens, não mereciam viver na sua plenitude. Portanto, se a morte não fosse simbólica, de todas suas memórias e identidades, amansados pelas cruzes cristãs ou reduzidos a escravos pelas espadas dos bandeirantes, a morte seria real, sanguinária, dizimando milhões de indígenas, enterrando culturas, línguas, formas de ver e viver o mundo.

Na perspectiva europeia, ameríndios deveriam trazer lucros, gerar riquezas, abastecer o capitalismo internacional que já dava seus ensaios de mostrar os desequilíbrios econômicos entre os colonizadores e colonizados. Se os indígenas não participassem dessa lógica eram considerados preguiçosos, atrasados e daí a pergunta que muitos se fazem até hoje: por que preservar suas culturas se são os inimigos do desenvolvimento econômico?

Primeiro, é importante frisar que os indígenas partem de outra ótica planetária. Num planeta que já não sabe o que fazer com seu lixo, os indígenas produzem suas casas com materiais biodegradáveis; numa economia neoliberal que desmata hectares para benefício imediatista da agropecuária e de madeireiras, indígenas preservam florestas mediante a agricultura itinerante; numa sociedade que transforma a todos como meros consumidores, indígenas são produtores diretos de suas próprias habitações, instrumentos musicais, alimentação.

Aliás, cabe lembrar que através da manutenção de suas reservas é possível ter a regularidade de rios voadores que contribuirão com a umidade das plantações do Centro-oeste. Seca é subdesenvolvimento, é fome, é falta de geração de renda. Assim sendo, povos indígenas não remam contra um desenvolvimento que seja ecologicamente sustentável.

Contudo, apesar de ajudarem na nossa produção de comida, estão morrendo de fome, agravada pelo governo Bolsonaro quando atribuiu que a demarcação das terras indígenas seria feita pelo Ministério da Agricultura ao invés da FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Isso resultou em deixar que ruralistas se encarregassem de “cuidar” das terras dos povos originários e a consequência foi a entrada maciça de tratores, carretas, gado, arrendamentos ilegais, aumento exponencial do desmatamento e da morte da população indígena nos últimos anos.

Inúmeras denúncias foram realizadas, inclusive sobre os impactos do garimpo ilegal. Geração de renda! Alguns dirão... Porém, renda e ganhos para quem? Novamente o capitalismo se impõe e além da destruição de yanomamis, garimpeiros se mantem pobres sem a previsão de qualquer direito trabalhista. Ainda na onda do desastre econômico, ao ser ilegal, não há geração de imposto, fragilizando a eficiência do Estado no cumprimento de suas ações. Enquanto isso, empresários nacionais exportam o ouro em barra e joalheiros internacionais lucram com a devastação ambiental, social e étnica de países que se curvam a seus interesses.

O garimpo traz junto de si o mercúrio que contamina águas, terra, plantas e consequentemente interfere na produção alimentar. O quadro piorou com os surtos de malária e na falta de medicamentos, cuja empresa responsável entregou menos de 30% do previsto. Mulheres e crianças yanomamis são alvos de exploração sexual em troca de comida, dezenas morreram desnutridos e enquanto isso a indústria da mentira quer associar essa tragédia como se pertencesse aos grupos indígenas que vivem na Venezuela.

Quais são as perspectivas futuras? O que esperar? Ou melhor, como participar desse movimento de defesa de suas vidas?

Em visita recente ao Museu do Amanhã (RJ) me impressionei com as imagens de Sebastião Salgado em homenagem aos nossos povos originários da Amazônia. A exposição não deixou de se articular com o segundo andar e a iluminação do ambiente. Começava por salas mais escuras, que serviam como um convite à reflexão do que deveremos manter para que haja um “amanhã” e por isso não faltaram apelo à consciência ambiental, à preservação cultural, passando por locais nos quais os visitantes, se enxergassem nesse papel de estar no centro da sociedade, no meio e, logo, responsáveis também por esse modelo violento de economia que incide em tantos outros problemas.

Mas no final do túnel havia realmente luz. Luz do próprio sol que entrava pela estrutura do museu e nos possibilitava ver com claridade duas imagens. A primeira, uma churinga, uma espécie de urna de histórias, onde os anciãos australianos guardavam toda uma cultura a ser contada para as novas gerações. A segunda, o horizonte do oceano, horizonte que traz a beleza da metáfora em se confundir com o amanhã, que se abre na nossa frente feito um imenso tapete de água, no qual se perde a ideia do que virá.

Não sabemos se conseguiremos preservar a cultura de nossos povos. Não sabemos se haverá meios para reverter tantos danos ambientais que já foram cometidos. Mas estamos no meio disso e fugir é dar o aval aos colonizadores da globalização, repetir mentiras é esquecer o que está na churinga de nossas memórias enquanto povo, esquecer das atrocidades ou ser conivente a elas é não se responsabilizar por um futuro do cuidado, da diversidade, de uma vida que pode ser socialmente sustentável e que os povos indígenas tanto revelam sobre isso.  

 

Ana Paula Ferreira

Educadora e membro do Coletivo Educação

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Mulher, sofrimento e amor

Diego on my mind

 - Fia, como chama aquela mulher do feminismo que vocês gostam?

- É Frida, mãe!

- Mas por que vocês que lutam pelas mulheres, admiram alguém que sofreu tanto por um homem?

Com base nessa conversa, pensei muito no assunto, pois meu próprio e-mail faz referência à uma personagem de livro que me marcou profundamente na adolescência. Karenina era uma aristocrata que abandona o marido e o filho para viver um impetuoso amor, e, posteriormente, atormentada pelo isolamento social e sentindo o amante cada vez mais distante, num ato de desespero, joga-se na frente de um trem.

Daí que surgiu o título desse texto na tríade “mulher, sofrimento e amor”. Não que o sofrer seja específico da alma feminina e os sucessos da música sertaneja apontam isso. Mas, por outro lado, cabe refletirmos na questão do afeto e do gênero como construções culturais.

Isso porque desde pequenas somos acostumadas a assistir cenas que nos remetam a ideia de que a mulher precisa suportar o sofrimento para depois desfrutar de um amor. Assim, Bela aguenta o cárcere privado imposto pela Fera, Cinderela fica na angústia da espera pelo príncipe, Ariel emudece para tentar ter a paixão correspondida. Além do impacto da indústria cultural que produz filmes, músicas, livros, novelas inspirando um jeito de viver na subjetividade feminina, a infância demonstra outros marcadores de gênero, nos quais a menina ganha panelinhas, bonecas bebês de tudo quanto é tamanho, kits de maquiagem, que em resumo lhe tentam traçar o destino: do lar, boa mãe, vaidosa com vistas a chamar a atenção do gênero masculino.

O universo público não é posto para a mulher, mas sim o doméstico. Sendo assim, é vendido o projeto de que é preciso conservar o amor, a beleza, a sensualidade, o marido e fazer de tudo para que seja reconhecida. Ocupar-se disso, dói, machuca porque escravizamos nosso corpo. Não é fácil encolher a barriga em cintas, andar sobre saltos, machucar a perna numa depilação, com laser, lâmina ou cera.

Fazemos porque gostamos, alguns dirão... Pode ser escolha, afinal, nos definimos como seres racionais capazes de decisão. Contudo, é inegável a pressão social, a imposição cultural de que mais vale seguir tendências do que ter a autenticidade respeitada. 

 “Mirem-se no exemplo das mulheres de Atenas”, já musicava Chico, reforçando o quanto nossa cultura ocidental olhou o espelho do nosso berço civilizatório para colocar a mulher a serviço do marido. O modelo patriarcal está presente a milhares de anos e perdura com as histórias bíblicas, na figura de mansidão de Maria, nos discursos de padres e pastores, nas políticas públicas impostas principalmente por homens que se ocupam da política, nos assédios cotidianos, na criação de uma mentalidade que atribuí a mulher a característica da sensibilidade para torná-la serva do cuidar.  

 Historicamente a sensibilidade nos foi cultivada, o cuidado com os demais nos foi imposto. Ensinaram-nos que para atingir a felicidade precisaríamos de um parceiro e que mesmo numa relação tóxica, era necessário exercitar a paciência, a quietude, o equilíbrio. Daí que independente de sermos ricas igual a Karenina ou talentosas tanto quanto a Frida, ou com reconhecimento social, ainda sim, poderíamos estar presas nas nossas dependências emocionais.

 O que fazer? Nos libertarmos de nossas prisões psíquicas? Talvez um caminho seja pensar que “Você é seu próprio lar” trecho que ecoa da banda “Franscisco, El hombre”. Assim, independente se casadas ou solteiras, ou qualquer outra definição, que consigamos ter uma relação de paz conosco.

E se o sofrer aparecer? Uma possível estratégia seja o que Nietzche chamou de “Amor Fati”, ou amor ao destino, o que não significa uma postura de resignação, mas de usar esse potencial de dor para criar, para refletir, para se reinventar, até porque somos o que somos pela nossa história e como olhamos para ela. Haverá as que colocam a mochila nas costas e partem para uma liberdade estilo Frozen “livre estou” e outras que tentarão com tintas, cores, pensamentos, traduzir o sofrimento amoroso em arte.

Frida estava emocionalmente ligada ao pintor Diego tal como a escultora Camile Claudel também se apaixonou pelo famoso artista Rodin. Não significa que elas se abandonaram a própria sorte, mas escolheram se entregar ao sentimento de maneira profunda fazendo brotar o quadro “Diego on my mind” ou a escultura “L'Âge mûr” que retrata uma jovem implorando amor a um homem mais velho.

Seria muito pueril desejar o não sofrimento. Ele é inerente a nossa condição de seres desejantes, que fazem suas escolhas apesar de todas condições adversas. Por isso admira-se a história de muitas mulheres. Não porque sejam perfeitas, mas porque souberam em algum momento lidar com suas feridas e se colocar de alguma forma frente a esse mundo patriarcal, uma cultura milenar que cabe a cada um e cada uma de nós quebrar.

 Ana Paula Ferreira

                                                                                                       Membro do Mulheres pela Democracia

Texto publicado no Jornal da cidade 12/01/2023

sábado, 7 de janeiro de 2023

Escolha do texto teatral para trabalhar na escola


Na escola podemos trabalhar com um acervo enorme de textos e transformá-los em encenação.

Mas, tendo em vista que o ano escolar é extremamente curto para tanto conhecimento a ser apresentado aos estudantes, precisamos de um crivo, de critérios que estabeleçam o porquê de uma coisa e não de outra. 

Qual o crivo?

Primeiro não abandonar o currículo e o teatro tem uma possibilidade enorme para isso, afinal é uma arte que se articula com diversas outras linguagens: leitura, literatura, música, dança, encenação corporal, fotografia. 

O teatro em si é um instrumento para trabalhar com várias competências socioemocionais, pois exige a disciplina de quem espera a vez do outro dar a fala; a segurança de encarar uma plateia; a autoestima daqueles que entenderam que podem se posicionar no mundo; o companheirismo de estar junto ao outro; a solidariedade de ajudar o colega a se expressar; a criatividade na interpretação teatral.

Além disso, o texto pode colaborar com as áreas de saber que são referentes ao currículo daquele ano letivo e com o próprio perfil da turma e faixa etária. 

Assim sendo, teve ano escolar que eu mesma fiz o texto e busquei aproximar com os componentes curriculares estudados. No 5º ano por exemplo, em História, é parte do currículo o tema da escravidão e a colonização portuguesa no Brasil, daí, criei duas peças para sensibilizar sobre os assuntos. E isso é outra coisa bacana no teatro, pois o conhecimento científico em si, traz a bagagem de dados, fatos, compreensão de causas e consequências, porém, é com a arte que tocamos a alma para impactar sobre problemas que afligem nossa sociedade decorrentes de escolhas tomadas no passado. 

Já numa turminha de 2º ano, aproveitei o conteúdo do folclore e a cultura popular e construí uma peça que permeava esse tema junto a questão da sustentabilidade. Foi incrível ver os mais arteiros envolvidos com a peça, deixando a bagunça para a hora do recreio...rsrsr



Peça "Escravidão no Brasil" de 2010

Apresentação na Urca em 2010

Agradecimento final de toda equipe. Colaboração do artista Dema Melo.

Peça "Folclore e sustentabilidade" de 2014


Também teve ano que transformei a história "Menina bonita do laço de fita" em peça teatral porque a turma às vezes agia com palavras de intolerância uns com os outros, seja pela cor da pele, religião, cultura (tínhamos duas estudantes da cultura cigana) ou dificuldade de aprendizagem. 

Apresentação da peça "Menina bonita do laço de fita" na quadra da escola em 2013

Diante de uma turma de 3º ano que lia muito bem, mas no grupo havia alunos apáticos, que não demonstravam interesse em muitas atividades eu levei o Saltimbancos, uma peça já pronta, do Chico Buarque, e que precisei apenas fazer alguns cortes para ficar mais dinâmica na encenação infantil. A peça tinha muitas músicas alegres, de esperança, de luta, de parceria e isso fortaleceu entre os estudantes a ideia de ninguém "soltar a mão de ninguém". Quem estava mais solitário na apatia se viu acolhido e foi uma peça linda. 

Ensaio da peça "Saltimbancos" de 2012


Já em 2016, eu era supervisora escolar de turmas de 1º ao 5º ano, e uma turma de 3º ano era extremamente sem limites. Muitas professoras passaram pela mesma turma, não criando uma identidade dos alunos com ninguém. Carteiras ficavam fora do lugar, crianças fugiam da sala, lixo no chão. A professora que assumiu o desafio no final do ano me deu a liberdade de buscarmos no teatro a solução. Eles desenvolveram uma releitura que fiz de Peter Pan, peça que foi intitulada como "Poluição na terra do nunca" e o resultado foi maravilhoso. 

Ana Paula Ferreira