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domingo, 26 de novembro de 2023

Refinar a dor? Não.




 Triste

Como a música Clair de lune de Debussy

Intensa

Com o grito animalesco saindo do fígado

Inteira

Na violência da dor que vinha das entranhas para garganta

 

Não se diluía

Pulou do trampolim na piscina da dor

E sentia

A raiva lhe dando forças para subir a superfície

 

Não estava fragmentada

Ela era uma caldeira vulcânica

De tristeza misturada com ira

Choro combinado com grito

Erupção de lava com toxidade

Que precisava ser liberada

 

Era produto bruto no seu sentir

Não queria ser lapidada

Era alimento integral

Precisava manter a casca

Recusava o refinamento

 

Refinar a dor para quê?

Para quem?

Era seu direito viver plenamente

O grito era sua palavra não verbal

Que saiu da boca

Para arrancar da alma

A ferida que poderia crescer.

 

 

Ana Paula Ferreira

@ana.paula.educacao

 

4 comentários:

  1. POETA!
    Como é bom colocar a emoção e o sentimento pra fora. Difício realmente é Refinar a dor... pois ela é nossa!!
    Ai fica a pergunta para quê? Para quem? Para onde? Por que? e...
    Assim a dor é nossa, o desafio é nosso. O que vale realmente é a vida!
    Vamos em frente.

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    1. E refinar é diluir, tirar a essência, os nutrientes. Ao fazer isso com a dor, é o mesmo que dar analgésico, ao invés de usar o potencial da dor para que o próprio corpo crie "anticorpos", resistência...

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  2. A dor deve ser vivida e sentida na sua intensidade , só assim nos fortalecemos . Bjos

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  3. É bem isso.... tem pessoas que gostam de fingir que a dor não está ali. Que possamos identificar, viver e ressignificar esse sentimento. E isso não se faz, colocando embaixo do tapete.

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