A gente se acostuma a ser interrompida a todo momento e por ser interrompida, vamos deixando de falar.
A gente se acostuma com os gritos da vizinha que apanha do marido, com o assédio no trabalho ou com as músicas que sexualizam as "novinha". Por acostumarmos, a violência enterra vítimas, mata almas e abusa de meninas.
A gente se acostuma com o fato das mulheres exercerem tantas funções sem remuneração e com a política institucional ser exercida mais por homens. Daí que não refletimos sobre o fato de haver tão poucas creches, asilos, postos de saúde, pois para governos neoliberais, o cuidado da criança, do idoso ou do doente de uma família é obrigação da mulher e não do Estado.
A gente se acostuma a tirar a louça da mesa, a lavar a roupa, a deixar tudo limpo e organizado, a acompanhar a saúde, higiene e as tarefas escolares dos filhos. E os homens, por acostumarem, acham que essas tarefas são apenas de nós, mulheres.
A gente se acostuma a tratar o menino como se fosse bebê e a menina como moça e depois ficamos espantados ao ver muitos rapazes imaturos, negligentes no trânsito, na escola, no trabalho, que não assumem a paternidade ou qualquer outra responsabilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário