Somos a maioria da
população e quanto a isso não dúvida. Pra sermos mais próximas da exatidão
somos numericamente 6 milhões a mais do que os homens. Estamos nos lares, nas
lavouras, nas fábricas, nos hospitais e nas escolas. Viramos destaque quando se
trata de participação em comercial de cerveja ou nas propagandas de cosméticos.
Somos referências de zeladoras do ambiente familiar e no imaginário social da
“tia”, palavra que em grande medida deprecia a professora da Educação Infantil
e Ensino Fundamental. Alguns locais nos foram historicamente marcados e se
constituem onde somos visíveis: no ambiente familiar, onde somos apenas corpo,
em cargos e funções associados ao cuidar, em profissões que estão desvalorizadas.
Porém, somos poucas nos
percentuais de gerência, de trabalhadoras assalariadas e nos cargos políticos
que definem diretamente sobre nossas vidas. Na política institucional somos
menos de 10% e quando ousamos fazer a política no chão da feira e das praças através
da linguagem direta com o trabalhador, nossa visibilidade e barulho incomodam.
Ao entender que para se alterar o quadro de um mentalidade patriarcal, que
objetifica a mulher e a torna como corpo descartável é necessário também adentrar
o palco institucional das escolas e por isso o evento do dia 8 de março
realizado na Autarquia Municipal de Ensino com formação de professores em
relação a temática.
A proposta “Educação de
gênero no espaço escolar” foi significativa porque contou com uma programação
riquíssima sobre gênero, pensada e materializada por militantes. Significativa
pela composição da mesa ser exclusivamente por mulheres que ganhavam não o
espaço da voz, mas da escuta. Significativa porque se criou mecanismos de
responsabilizar o poder público em apoiar e trabalhar pelas demandas sociais.
Nesse evento mostramos
a porta da saída da invisibilidade; atravessamos a história do movimento
feminista pelas ruas e entramos na visibilidade institucional a começar pela
Secretaria de Educação, ocupando uma universidade e depois ao se fazer uma
formação para diversas professoras e professores, que retornarão ao espaço
escolar, nos fazendo crer que seja alimentada a ideia de “Companheira me ajude,
que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”.
Ana Paula Ferreira
Mestre em Educação e membro do
Coletivo Jaçanã Musa dos Santos
Fotos de Gustavo Rodrigues
Fotos de Greice Keli
Agradecimentos profundos e sinceros a todas e todos que inspiram à luta: Edna, Lucia Vera, Claudia, Lilian, Greice, Marília, Laís, Paula, Stephanie, Dani, Sabrina, Victória, Juliana, Eliza, Diego, Divino, Gustavo, Tiago.
Obrigada a todos da Secretaria que acolheram a ideia e deram contornos belíssimos: Cleiton, Karla, Mario, Flávia, Nancy e demais trabalhadores.
Meu afeto e carinho a Marcela Rufato e Daniela Rosa que marcaram minha alma com a manhã do dia 8 de março de 2017!!!
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