Páginas

sexta-feira, 10 de março de 2017

A (in) visibilidade feminina e a (re) existência

Somos a maioria da população e quanto a isso não dúvida. Pra sermos mais próximas da exatidão somos numericamente 6 milhões a mais do que os homens. Estamos nos lares, nas lavouras, nas fábricas, nos hospitais e nas escolas. Viramos destaque quando se trata de participação em comercial de cerveja ou nas propagandas de cosméticos. Somos referências de zeladoras do ambiente familiar e no imaginário social da “tia”, palavra que em grande medida deprecia a professora da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Alguns locais nos foram historicamente marcados e se constituem onde somos visíveis: no ambiente familiar, onde somos apenas corpo, em cargos e funções associados ao cuidar, em profissões que estão desvalorizadas.

Porém, somos poucas nos percentuais de gerência, de trabalhadoras assalariadas e nos cargos políticos que definem diretamente sobre nossas vidas. Na política institucional somos menos de 10% e quando ousamos fazer a política no chão da feira e das praças através da linguagem direta com o trabalhador, nossa visibilidade e barulho incomodam. Ao entender que para se alterar o quadro de um mentalidade patriarcal, que objetifica a mulher e a torna como corpo descartável é necessário também adentrar o palco institucional das escolas e por isso o evento do dia 8 de março realizado na Autarquia Municipal de Ensino com formação de professores em relação a temática.

A proposta “Educação de gênero no espaço escolar” foi significativa porque contou com uma programação riquíssima sobre gênero, pensada e materializada por militantes. Significativa pela composição da mesa ser exclusivamente por mulheres que ganhavam não o espaço da voz, mas da escuta. Significativa porque se criou mecanismos de responsabilizar o poder público em apoiar e trabalhar pelas demandas sociais.

Nesse evento mostramos a porta da saída da invisibilidade; atravessamos a história do movimento feminista pelas ruas e entramos na visibilidade institucional a começar pela Secretaria de Educação, ocupando uma universidade e depois ao se fazer uma formação para diversas professoras e professores, que retornarão ao espaço escolar, nos fazendo crer que seja alimentada a ideia de “Companheira me ajude, que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”.

Ana Paula Ferreira
Mestre em Educação e membro do
Coletivo Jaçanã Musa dos Santos



Fotos de Gustavo Rodrigues







Fotos de Greice Keli



Agradecimentos profundos e sinceros a todas e todos que inspiram à luta: Edna, Lucia Vera, Claudia, Lilian, Greice, Marília, Laís, Paula, Stephanie, Dani, Sabrina, Victória, Juliana, Eliza, Diego, Divino, Gustavo, Tiago.
Obrigada a todos da Secretaria que acolheram a ideia e deram contornos belíssimos: Cleiton, Karla, Mario, Flávia, Nancy e demais trabalhadores.
Meu afeto e carinho a Marcela Rufato e Daniela Rosa que marcaram minha alma com a manhã do dia 8 de março de 2017!!!











Nenhum comentário:

Postar um comentário