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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Histórias; estórias e nome de bonecas

“Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?”


 A História nos conta a versão dos vencedores como tão bem falou Brecht em seu poema “Perguntas de um operário letrado”. Sabemos da história da Europa, mas achamos que na América não tinha nada digno de estudo até a chegada do colonizador.  Estudamos rainha Elisabete, Napoleão, Hitler, mas pouco sabemos da História da África, da história daqueles que formaram o povo brasileiro ou história das mulheres. Contos europeus são contados desde que somos pequenos e as muitas vezes ignoramos nossas lendas.
Diante de tantas Histórias (ou estórias?) preenchemos a vida dos pequenos com outras formas de colonização cultural: damos bonecas que não se assemelham ao genótipo da brasileira; expomos a referências de Anas e Elsas, mas não damos o contraponto de se pensar a história e a cultura da mulher latina ou de se valorizar personagens femininas reais que viveram e lutaram para uma sociedade mais justa.
Não precisamos eliminar as produções estrangeiras, até porque diante de suas qualidades podem ser valorizadas como produção da humanidade. Mas podemos pensar numa educação que se faça para além das princesas, para além da visão colonizadora. Uma das estratégias é o nome às bonecas.

Que fiquem estórias de Belas Adormecidas para as crianças, mas que também saibam as histórias de Frida, de Miriam Makeba (Mama África), de Angela Davis, Rosa Luxemburgo, de Laudelina, de pintoras, cientistas, professoras, escritoras, mães, mulheres de carne e osso.

Ana Paula Ferreira
24/10/2015

Massinha e diferenciação de letras


Quando o ser humano manuseia uma massa de modelar ele coloca na massa sua força e sua sensibilidade, ele transforma a matéria amorfa em objeto distinto e com sua singularidade.
A massa resiste: entra nos vãos dos dedos, escorre pela mão, foge pelas fendas.
E nessa relação entre o ser humano e a matéria, ambos vão se constituindo. O primeiro vira artista - ainda que amador, mas artista - pois cria, testa possibilidades, brinca, transforma. Já a massa não é mais massa é um produto feito pela criatividade humana.
Por que não aproveitar a massinha em sala de aula?
Além dessa experiência sinestésica e de expressão artística, a massinha pode ser usada para alfabetizar. Sim! Ela não deve estar presente apenas na Educação Infantil.
Acontece que quando os alunos já passaram pelo conhecimento da letra bastão e começam a ler em letra de impressa se deparam com dificuldade da semelhança das letras, afinal a diferença entre b e d ou q e p é apenas o lado da ‘barriguinha’, entre p e b a diferença é se a haste está em cima ou embaixo... Parece simples para nós que já somos alfabetizados, mas para a criança isso se constitui em dificuldade de percepção visual, ou seja, em compreender mínimas diferenças que se são importantíssimas para o processo de leitura.
A massinha que, aliás, é interessante que se faça com os alunos, pode também contribuir para isso. Ao manusearem a massinha, os alunos podem ser convidados a traçar com a mesma determinada letra de imprensa. Sentados em círculo o professor passa olhando para ver se todos conseguiram realizar a atividade. Caso algum não tenha conseguido o professor intervém de modo que o aluno perceba o que está diferente em relação ao convencional.
A letra será do menino. Não será a letra “perfeita” do livro didático para a qual a criança não tem relação nenhuma. Será sua letra, sua “escultura” de letra e daí ficar mais fácil do aluno conseguir diferenciá-la, pois atribuirá o sentido da criação, o vínculo do criador com a criatura.
Vale como ais uma dica para traçar letras. Afinal sem distingui-las não se alfabetiza!
Ana Paula Ferreira
24/10/2015

Maquete desde a Educação Infantil



Aproveite as férias escolares para atividades que a criançada irá adorar. A dica de uma delas é a confecção de uma casa de bonecas, ou castelo de monstro... enfim, a engenharia de uma construção.
Entre comprar uma casa de boneca linda e luxuosa ou fazer uma casa com sua cara prefira a segunda opção!
Talvez a casa não fique com o brilho e o glamour das casas industrializadas, mas você ganhará em vários outros aspectos. Primeiro porque essa casinha não será feita apenas por você! Sim! DEVE ser manufaturada por você e pela (s) criança (s). Afinal bagunça pouca é bobagem!
Na verdade, ao fazer com a criança você terá a oportunidade de ensiná-la uma série de coisas:
1) O valor da presença, da companhia, o prazer da convivência – só isso já é um tesouro em tempos de que tablet substitui as relações.
2) A riqueza de saber que embora haja mil casas rosas com escada em formato de caracol há apenas uma casa de papelão em que cada parede é de uma cor. Uma coisa que parece simples, e realmente é, mas que ensina sobre singularidade, em não seguir modismo, não se render às propagandas de brinquedos.
3) Recorte, colagem, pintura... Ao invés de dar a folha impressa do famoso “Vamos colorir?” o ato de pintar, colar e recortar ganha nova expressão! Está em fazer a casa da boneca, em imitar gente grande que recorta com habilidade, em participar da colagem com concentração de artista de afresco.
5) A usar da criatividade! Afinal não é para se fazer maquete de isopor, mas sim usar recicláveis a disposição: mais esse legado! Caixa de pasta de dente pode ser o banco da cozinha, embalagem de xampu vira geladeira, caixinhas de fósforo são as gavetas do armário da cozinha, potinho de iogurte é a privada. Não se trata apenas de uma estratégia de reciclar, mas da criança compreender que uma coisa pode ser tudo o que sua criatividade permitir.
6) A fazer uma maquete, afinal estaremos representando uma casa! Cada cômodo pode ser uma caixa de papelão que depois podem se unir por fita adesiva ou grampeador. É uma ótima oportunidade de trabalhar os compartimentos de uma casa e o que é importante ter numa casa: qual será o lugar de destaque na sala? Dos livros ou da TV? Onde devem ficar janelas e portas? Qual o número de quartos para uma família com 5 pessoas? Que cor devem ser as paredes?
Não é difícil. Fique com a felicidade de se sentir um (uma) construtor (a).
Uma boa casa de bonecas para todos(as) !!!


Ana Paula Ferreira
24/10/2015