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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A prática docente no plano de aula e o uso do blog


         De três em três anos mudam-se os livros didáticos nas escolas. Isso possibilita esse material a todos os alunos em todos os municípios do Brasil. Os professores olham vários livros de diversas editoras e se decidem por aqueles que mais cabem à filosofia de ensino da instituição e do currículo. O custo disso é extraordinário aos cofres públicos e sem questionar a importância, é interessante pensar o porquê se destina tanta verba para compra de livros e tão pouco em relação ao defasado salário docente.
         De acordo com Torres (2000) essa preferência pelos livros didáticos faz parte da política neoliberal ditada pelo Banco Mundial aos países em desenvolvimento. A justificativa é que menos oneroso o investimento em livros didáticos no comparativo ao aumento salarial de professores e que o texto escolar condensa conteúdos e atividades capazes de orientar alunos e docentes.
         Nota-se, portanto, a legitimação do discurso como se o professor fosse mero executor de um conteúdo programático, retirando seu papel de intelectual.
         Se considerarmos que a escola é um espaço de transformação do indivíduo e da realidade, é primordial que profissionais da educação sejam também transformadores. Mudança significa liberdade de escolher outro modelo e coragem de executar e é ilógico pensar em paradigmas diferenciados quando se segue o discurso hegemônico. Sem dúvida, seguir o que já vem hierarquicamente estipulado é o caminho mais fácil. O texto, os exercícios para contemplarem determinado conteúdo, as sugestões de produção de texto ... tudo  já vem escolhido de antemão. Contudo, o uso do livro didático deve ser apenas mais um mecanismo para possibilitar a educação, mas não o principal.
          Sabemos que cada turma tem suas peculiaridades, porém movimentamos nossa metodologia na mesma orientação de turmas anteriores. Defendemos que as aulas devem ser dialógicas e que o conhecimento do aluno deve ser valorizado, mas nas aulas ostentamos a cultura erudita e nos esquecemos da cultura popular, como se subliminarmente disséssemos aos nossos alunos que a cultura da elite é mais importante. Criticamos pais que tem inúmeros filhos, pela falta de planejamento familiar, mas esquecemos de fazer o nosso planejamento educacional. Apontamos o problema de crianças que não leem, mas preocupamos com o último episódio da novela, deixando o livro apenas na cabeceira.
         A prática docente está recheada de incoerências com os nossos discursos. A aliança entre prática e teoria é uma consequência de estudo e reflexão, onde se percebe que o homo faber se alia do homo sapiens.
         Sendo o objetivo de muitos educadores, uma prática educativa libertadora, o professor também tem que se sentir como sujeito do processo educativo, criando e recriando, mediante pesquisa, análise reflexiva e troca de experiências. Como bem dizia o mestre Paulo Freire: “Por isso é que, formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (2009:39)
        Buscando essa reflexão sobre a prática que vem a razão de existir desse blog. Que ele sirva como um mecanismo de diálogo entre educadores que querem repensar a educação, as metodologias, a avaliação, os conteúdos.
              Por isso, sejam bem-vindos!

Professora Ana Paula Ferreira
Fevereiro/ 2013


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