Um blog para refletir sobre a educação... lembrando que a educação é do dia-a-dia, está em tudo e em todo lugar.
terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
Taj Mahal: amor não verbal
sábado, 10 de fevereiro de 2024
Jogo banco imobiliário em Poços de Caldas
Comecemos
a partida! Distribui-se a mesma quantidade de dinheiro a todos jogadores e um
peão para movimentá-lo de acordo com a quantidade anunciada na soma dos dois
dados. O objetivo é gerar riqueza com algumas estratégias de compra e muita
sorte. Jogo e realidade ora se misturam, ora se distanciam. Na vida não se tem
o mesmo ponto de partida, alguns começam com patrimônio e a grande população
sem nada. Em Poços de Caldas essa lógica não é diferente.
Ana
Paula Ferreira
Mestre
em educação e escritora
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024
Tameion, a paz e o pedalar
Virada de ano. Eu e os 8 bilhões de pessoas provavelmente estávamos desejando “paz”. No meu caso, eu não mentalizava mais nada a não ser paz. Quase duas semanas depois, passei um momento de estresse em relação ao mecânico do carro. Na hora pensei em responder a altura da ofensa, mas lembrei do meu pedido de réveillon e percebi que a paz não viria embalada e entregue pelo correio, nem de luz direta do céu. Era necessário exercitar a paz e, portanto, concluí que nem toda discussão era importante, nem todo embate precisava ser feito. Às vezes a melhor estratégia era o silêncio e o distanciamento.
Aliás... como que o silêncio é fortalecedor! No dia a dia, somos invadidos pelo barulho do trânsito, da comunicação, na musiquinha na academia, nas propagandas dos supermercados e das ruas. Acostumamos tanto que não conseguimos ficar sozinhos, sem ter uma música tocando, podcast ou qualquer voz no fundo.
Daí que a solitude seja indispensável, pois é onde nos encontramos. Escutando uma entrevista do Pastor Henrique para o Mano Brown, ele aponta uma passagem bíblica sobre a oração em segredo, no quarto. Porém a palavra correta em vez de quarto, seria tameion, que é o lugar da casa onde guarda-se a dispensa e também as quinquilharias, ou seja, metaforicamente, no contato profundo com o divino, ficaríamos sem máscaras, nas nossas fraquezas e também nas nossas forças, sem nos esconder.
Depois dessa fala, fiquei a imaginar o tameion como nosso ponto de equilíbrio, porque ali não descartamos as bagunças nem tampouco a nossa riqueza. Simplesmente sabemos um lugarzinho específico para cada coisa e isso nos dá a sensação de paz, de ser quem somos e nos sentirmos aceitos.
Ora, se a paz é um exercício da solitude, ela também está vinculada ao equilíbrio, porque não coloca peso apenas a uma das partes e assim se consegue movimentar, sem cair, que nem quando andamos de bicicleta. Pedalar exige a todo momento um trabalho do lado direito e esquerdo do corpo, o desejo de ir além, mas sem se desprender totalmente do medo. Sentimos o interesse que dá um impulso, porém combinada com a precaução, o freio; numa ideia de liberdade, de fugir, mas sabendo que há um lugar para voltar; ser copa e ao mesmo tempo raiz.
Pedalar me dá a paz não apenas pelo equilíbrio que o ato exige. Sair pelas trilhas de bicicleta me tira a perspectiva de ter que estar no controle, de lidar com o imprevisto. Diferente da academia que tem o ar-condicionado regulando a temperatura, no pedal contamos com ventania, sol, chuva; ao contrário de ter uma fichinha na qual sabe-se exatamente quantos quilos colocar em cada máquina da musculação, andar de bicicleta nem sempre sabe-se de antemão qual marcha será para cada subida. Até o tempo é diferente, pois na academia tem-se uma média de minutos ou horas por dia e ao pedalar não, pois um pneu pode furar, uma tempestade pode atrasar o retorno e várias coisas no trajeto acontecer.
Paz não está na chegada e sim no caminho. Lidar com o que está na rotina nos traz segurança, afinal já adquirimos repertório para dar respostas ao que está posto ali. Difícil é ter paz ao que foge da alçada, ao não planejado, ao desconhecido, porque isso nos movimenta e mexe com o que guardamos no nosso tameion e nem sempre queremos nos deparar com a parte que está escondida, que não reluz.
Contudo, deve-se lembrar que não se caminha apenas sentindo o frescor da brisa, mas também com a força da chuva e aceitar isso sem um apego imensurável ao que foi planejado é libertador. Como bem cantava a banda Tianastácia “Tudo o que vier eu quero e o que não vier eu vou buscar. (…) Pra alcançar o fim passando o meio é preciso começar”.
Ana Paula Ferreira
Mestre em educação e escritora
Texto publicado no Jornal da Cidade de 07/02/2024
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Educação nossa de cada dia
Porque assim como o pão tem que ser de cada dia, também a educação está no nosso cotidiano, nas nossas ações, na nossa formação.
Educação num sentido amplo, não só de escolarização, mas de humanização, de conhecer o que nos foi deixado pelo legado histórico, de apropriar do que a humanidade produziu e buscar trazer releituras, recontos, novas perspectivas, aumentar um ponto, enfim... mostrar que a educação está em vários momentos da vida: no nosso desenvolvimento, na de nossos filhos, de nossos alunos, da sociedade.
Da mesma forma que o trigo precisa ser debulhado para depois ser pão, o conhecimento precisa ser trabalhado para se constituir em saber. Não vivemos sem pão, sem o alimento para o corpo, porém não nos suprimos sem o conhecimento, pois o tempo todo nos defrontamos com escolhas e com a necessidade de intervir sobre as coisas existentes.
O trigo não basta! É preciso pão!
A concretude não basta! É preciso ir além do palpável e do visível!
Por isso não vivemos sem educação. Não comemos, não vestimos, não habitamos, não sonhamos sem educação.
E daí o fato de precisarmos nos apoderar do saber para termos mais controle sobre o que comer, o que vestir, onde morar e o que sonhar , pois caso contrário estaremos vivendo de forma rasa, superficial, uma vez que sempre haverá alguém para querer pensar por nós.
Ana Paula Ferreira
Outubro de 2015