Estamos com as aulas paralisadas desde 15 de março, mas nossas atividades não pararam. Participamos de reuniões sindicais; fizemos estudos sobre a PEC 287; elaboramos panfletos e cartazes, organizamos palestras para comunidade; panfletamos em feiras, escolas e comércios; somamos nas passeatas; enviamos e-mails aos deputados para que votassem contra ao Projeto; pressionamos nossos vereadores de modo que assinassem uma nota de repúdio e encaminhassem para o Congresso.
Essas ações fazem parte de um entendimento de que paralisação é mobilização e de que ao estarmos esclarecidos sobre os prejuízos em relação aos direitos trabalhistas e de seguridade devemos fazer da greve um ato educativo de forma que mais pessoas entendam o que está se passando e quiçá saiam de sua zona de conforto para somar no movimento.
Direito à aula é um direito que não será subtraído e por isso haverá reposição desses dias. Entretanto, é direito também do aluno, enquanto futuro trabalhador, exercer suas atividades em condições dignas e não sob os efeitos da flexibilização das leis trabalhistas; é direito a se aposentar após anos de contribuição; é direito de a mulher ter o benefício da Previdência antes do homem lembrando sua tripla jornada.
São direitos que serão retirados de diversas gerações de brasileiros e brasileiras e o que mais me preocupa é acusação social, e de nossos próprios alunos, preocupados com as escolas fechadas. Isso mostra que a criticidade, objetivo de inúmeros Projetos Político Pedagógico não está sendo alcançado, pois ser crítico é fazer projeções a médio e longo prazo, é repensar os impactos coletivos e sociais, é ir além do imediatismo, é refletir sobre o senso comum midiatizado, é perceber no contraditório o movimento de pressão, de luta e de mudança.
Nós professores estamos sendo o contraditório numa sociedade que se acovarda e pouco discute os problemas da Reforma da Previdência. Que essa nossa ação sirva de ato educativo é a nossa esperança.
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